01/08/2025
Vandalismo, causas, efeitos e soluções sob olhar da Psicologia
O vandalismo em Angola, como em qualquer outro lugar, tem efeitos psicológicos profundos, tanto para a comunidade em geral quanto para os próprios indivíduos que o praticam.
Esses efeitos vão além dos custos financeiros de reparação, afetando a saúde mental e o bem-estar social.
Impacto na comunidade.
O vandalismo não é apenas sobre a destruição de bens, sejam eles públicos ou privados. É um sinal de desordem e degradação que pode levar a um aumento do medo e da insegurança entre os cidadãos.
Sentimento de insegurança: Espaços públicos vandalizados, como parques, escolas ou edifícios, podem fazer com que as pessoas se sintam menos seguras. A presença de grafites, lixo e estruturas danificadas pode ser vista como um convite a outros crimes mais violentos, criando um ciclo de medo e desconfiança. Isso leva as pessoas a evitarem esses locais, prejudicando a vida comunitária.
Perda de coesão social: Quando a comunidade testemunha a degradação do seu ambiente, pode surgir uma sensação de impotência e desesperança. As pessoas podem se sentir desmotivadas a cuidar do seu bairro, levando a uma diminuição da participação cívica e do engajamento comunitário. Isso enfraquece os laços sociais, tornando a comunidade mais vulnerável a outros problemas.
Desvalorização do espaço: A destruição de monumentos, edifícios históricos ou infraestruturas essenciais pode gerar um sentimento de perda e tristeza na população. Esses locais representam a história e a identidade de uma cidade, e a sua degradação pode ser percebida como um ataque à própria cultura e ao orgulho nacional.
Motivações e psicologia dos vândalos.
As razões por trás do vandalismo são complexas e podem estar ligadas a fatores psicológicos e sociais.
Expressão de insatisfação: Para alguns, o vandalismo pode ser uma forma de expressar raiva, frustração ou protesto contra o sistema político ou a situação social. É uma maneira de chamar a atenção para problemas como desemprego, pobreza e falta de oportunidades.
Busca por identidade e pertencimento: Em alguns casos, especialmente entre jovens, o vandalismo pode estar relacionado à necessidade de pertencimento a um grupo. A pressão dos pares e a cultura de gangues podem levar à prática de vandalismo como um rito de passagem ou uma forma de ganhar respeito e visibilidade dentro de um círculo social.
Factores emocionais: O vandalismo também pode ser um meio de lidar com emoções reprimidas, traumas ou insatisfação pessoal. A destruição pode ser uma forma de liberar sentimentos negativos, mesmo que de forma destrutiva e ilegal.
O papel do Estado
A resposta do Estado ao vandalismo é crucial e também tem um impacto psicológico. A repressão excessiva pode gerar mais revolta e violência, enquanto a falta de ação pode levar a um aumento da sensação de impunidade e desordem.
A socióloga angolana, N'damba Sousa, por exemplo, sugere que o vandalismo de Estado, onde o governo falha em atender às necessidades básicas da população, pode ser a causa subjacente da violência e do vandalismo juvenil.
Em Angola, onde a juventude enfrenta altos índices de desemprego e pobreza, o vandalismo pode ser um reflexo de uma crise social e uma forma de grito por socorro. Abordar os efeitos psicológicos do vandalismo requer não apenas punição, mas também a criação de políticas públicas que promovam a inclusão social, a educação e o acesso a oportunidades, para que os jovens possam encontrar formas construtivas de se expressar e se sentirem parte da sociedade.
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