22/09/2025
Nem todo desejo que sentimos é realmente nosso.
Às vezes, o que acreditamos querer é atravessado pelo olhar do Outro.
Pelo que ele esperava que quiséssemos.
Pelo que ele validaria, aceitaria, admiraria.
Nos tornamos, muitas vezes, desejáveis antes de nos perguntar se queremos de verdade.
Não é vaidade: é sobrevivência psíquica.
Um modo antigo de tentar existir, de ser reconhecido, de se manter inteiro quando o mundo não espera nossa singularidade.
Mas viver apenas para o desejo do Outro é se perder.
É apagar partes de si para caber em expectativas que nunca foram nossas.
É repetir padrões que não nos representam, em relações que nos diluem, em escolhas que falam mais sobre o Outro do que sobre nós.
A pergunta que permanece, depois de todo o ruído:
quem deseja em você?
É você?
Ou é alguém que fala dentro de você, moldando cada “eu quero” antes mesmo de você sentir?
Desejar é se colocar em jogo.
É sentir a falta, a recusa, o silêncio.
É atravessar o medo de não ser aceito.
E, ainda assim, persistir no que só você pode querer.