Tatiana Festi Psicóloga

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Tatiana Festi Psicóloga Psicóloga graduada pela Universidade Estadual de Maringá e especialista em psicologia Junguiana co

Psicóloga formada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) - 2005Especialização, pós graduação lato sensu, em Psicoterapia Junguiana IJEP - FACIS/IBEHE Participante do Grupo de Estudos da Obra Completa de Carl Gustav Jung pelo Opus Instituto de Psicologia Junguiana - Campinas

"Você está fora da linguagem dos sentimentos e das emoções. Você é a Antilinguagem."Com 10 anos de idade, Annie Ernaux a...
31/05/2025

"Você está fora da linguagem dos sentimentos e das emoções. Você é a Antilinguagem."

Com 10 anos de idade, Annie Ernaux assalta uma história que não lhe foi (conscientemente) dirigida. Sem preparo, sem gestação e sem parto, ela deixa de ser a filha única e se torna irmã. Descobre que a outra filha morreu anos antes dela nascer.

O livro gira em torno dos impactos desse segredo na família, não através do olhar dos pais enlutados, mas sim da filha que permaneceu. Falam dos perturbadores sentimentos e das fantasias que preenchem os silêncios deixados pela não narrativa do que foi, do que é.

"Os pais de uma criança morta não sabem o que a dor deles causa à criança que está viva."

A Outra filha, da escritora Annie Ernaux, é um livro pequeno, com poucas páginas, mas que logo de início revela seu peso e suas intensidades.

Ele nos alcança com frases claras, diretas, sem labirintos ou confusões, e ainda assim, não perde sua profundidade.

A autora consegue fazer do individual algo coletivo, fala da origem pobre, dos lutos silenciados, dos segredos familiares e de uma persistente tentativa de buscar um sentido para sua sobrevivência, para o acaso que a permitiu "ficar". 

Uma história que, de tão escancaradamente individual, se torna coletiva.

 

Oração para desaparecer, de Socorro Acioli
20/05/2025

Oração para desaparecer, de Socorro Acioli

Durante a gravidez e o puerpério, o cérebro da mulher passa por transformações profundas: alterações estruturais, podas ...
18/05/2025

Durante a gravidez e o puerpério, o cérebro da mulher passa por transformações profundas: alterações estruturais, podas sinápticas, novos circuitos. O cérebro materno se molda para acolher, responder, intuir. A ciência mostra o que a escuta psicanalítica já intuía: tornar-se mãe é uma reconfiguração subjetiva — e também cerebral.

As mudanças envolvem áreas ligadas à empatia, ao reconhecimento de emoções e à formação de vínculos. Durante o puerpério, essas adaptações continuam: o “baby brain” não é um déficit, mas uma reorganização funcional voltada à sobrevivência e ao cuidado.

Na clínica, ouvimos o impacto psíquico dessas transformações. Agora, vemos que elas também se escrevem no corpo e no cérebro.
Maternidade é travessia simbólica e orgânica. Alteridade e plasticidade.

Tatiana Festi
Psicóloga

"Oração para desaparecer" da autora Socorro Acioli é um destes livros que a gente termina as páginas, mas segue relendo ...
16/05/2025

"Oração para desaparecer" da autora Socorro Acioli é um destes livros que a gente termina as páginas, mas segue relendo por dentro.

Uma história sobre amor, sobre a luta pela sobrevivência da cultura tradicional do nordeste brasileiro, especialmente a dos Tremembé e suas ligações com Portugal.

Utilizando de uma narrativa onírica a autora nos apresenta à Cida, uma mulher que ressuscita em Portugal, ela simplesmente sai de dentro da terra,
sem memória alguma, e mesmo assim é capaz de (re)fazer sua vida. Quantos recomeços fazemos numa única vida? O quanto somos capazes de agregar, moldar, ampliar nossa própria identidade, mesmo quando carregamos (e quem não carrega?) um passado "memoriado", com fissuras, traumas,
dores e agonias profundas.

E, você já se deparou com algum vendedor de passados? Provavelmente apenas em filmes ou livros (sim, eu também pensei em Breaking Bad e em
El Camino!). São aquelas pessoas que criam uma identidade civil para alguém que precisa desaparecer, ou passar a existir como é o caso de Cida. O vendedor de passados do livro se chama Felix Ventura e foi quem criou uma identidade civil para Cida, construindo uma narrativa coerente para sua vida não recordada.

Acho que precisaria de muitos parágrafos para desdobrar as associações subjetivas que surgem ao
pensar na função deste personagem, mas deixo apenas uma breve reflexão: quanto precisamos ser Felix Ventura ao longo de uma vida? Preenchendo
lacunas, criando narrativas que deixem a vida mais suportável ou sustentável, ora para fugir de nós mesmos ora para nos reencontrarmos (ou encontrarmos pela primeira vez).

A autora também aborda o tema da exploração colonial Portuguesa e as marcas da opressão sobre nossa cultura. O que me remeteu ao trabalho de uma artista plástica contemporânea que tenho uma enorme admiração, a Adriana Varejão, mas essa relação deixarei para um post futuro.


Entre fronteiras e fraldas: o puerpério de quem pari longe de casa."Aqui a gente não tem uma aldeia."Talvez, nessas pouc...
11/05/2025

Entre fronteiras e fraldas: o puerpério de quem pari longe de casa.
"Aqui a gente não tem uma aldeia."
Talvez, nessas poucas palavras, esteja condensada a dor e a delicadeza de ser mãe fora do seu país.

Ser mãe já é, por si, um exílio de si mesma. Um luto da mulher que se era antes do bebê. Mas para as mulheres que vivem esse processo em terra estrangeira, o exílio não é só simbólico — ele é literal. Falta a língua que embala, o cheiro do arroz no fogão da mãe, o colo da avó, o sotaque da infância. Falta a aldeia. E, como diz o ditado africano, “é preciso uma aldeia para criar uma criança.”

A pesquisadora Daniela Raminelli (2022), ao ouvir mulheres brasileiras que vivenciaram o puerpério em países europeus, encontrou uma constante: a solidão. Muitas vezes invisível, silenciosa, elegante até.
"Não temos com quem dividir a dor nem o almoço. Tudo é novo e tudo é demais."

A ausência de rede de apoio familiar e cultural amplia o peso do maternar. Segundo a autora, a maternidade migrante é atravessada por um paradoxo: ao mesmo tempo em que há uma tentativa de resgatar práticas do país de origem, é necessário adaptar-se às normas e expectativas locais — desde o modo de amamentar até os rituais do parto e do cuidar. Trata-se de um entre-lugar: nem lá, nem cá.

No trabalho de Sílvia Mendes (2016), que escutou brasileiras vivendo a experiência da maternidade em Portugal, aparece outra camada do fenômeno: a transformação subjetiva da mulher em um território que não é o seu.

As mulheres relatam sentimentos ambivalentes: gratidão por um sistema de saúde mais acolhedor, mas tristeza pela ausência de laços. Alegria pelo nascimento do filho, mas luto pelo que se perdeu.

É preciso que as clínicas, os serviços de saúde e as redes sociais se abram para escutar essas mulheres, não apenas enquanto corpos que gestam, mas como sujeitos que sofrem, se reinventam e constroem sentidos em uma geografia afetiva completamente nova.

Há muitas mães estrangeiras, silenciosas, se encontrando nos espelhos de outras mulheres. E há palavras, como estas, que tentam construir pontes onde antes só havia mar.

Dormir nos braços da mãe: é assim que, nos primórdios da vida, nos entregamos à experiência de adormecer.Segundo Décio G...
08/05/2025

Dormir nos braços da mãe: é assim que, nos primórdios da vida, nos entregamos à experiência de adormecer.

Segundo Décio Gurfinkel, dormir não é apenas um ato biológico: é um fenômeno psíquico fundado na confiança. É preciso que outro, presente e atento, nos assegure que o mundo continuará existindo enquanto nós suspendemos nossa vigília.

A mãe — ou quem exerce essa função — torna-se, então, a primeira guardiã do sono. É ela quem acolhe o desamparo absoluto do recém-nascido, criando as condições para que o repouso seja possível.

Existem diversas causas para um quadro de insônia e, na clínica vemos que muitos deles carregam esse vestígio: o de um início de vida em que o acolhimento foi falho ou insuficiente.

No silêncio da noite, o corpo adulto reencontra a solidão primitiva da infância não amparada.

Talvez por isso aprender a confiar no adormecer seja, também, uma travessia: reconstruir, através da palavra e da presença do analista, a segurança de que é possível descansar sem medo.

O sono, afinal, não se conquista apenas fechando os olhos: ele se funda na confiança de que podemos, por instantes, desaparecer do mundo — e sermos reencontrados.

Reflexões a partir de *Décio Gurfinkel, "Dormir nos braços da mãe" (2002).

Uma honra ter meu trabalho selecionado para XIV Jornada do CPpP, organizada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de ...
22/04/2025

Uma honra ter meu trabalho selecionado para XIV Jornada do CPpP, organizada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de Campinas.

Meu agradecimento especial à Adriana Nagalli, que o comentou com enorme sensibilidade e profundidade, enriquecendo ainda mais o encontro.

E à Adriana Arcos, pela coordenação habilidosa e acolhedora da nossa mesa.

Um encontro que se tornou espaço para proliferas discussões e reflexões sobre os conceitos de rêverie e onipotencia à partir da óptica Bioniana.

Você já ouviu falar na Síndrome do Regresso?Ao voltar para o país de origem, depois de viver no exterior, muitos sentem-...
21/04/2025

Você já ouviu falar na Síndrome do Regresso?

Ao voltar para o país de origem, depois de viver no exterior, muitos sentem-se estrangeiros no próprio lar.

Regressar é reencontrar um lugar que já não nos reconhece.

As marcas da travessia são invisíveis, mas profundas: lutos, estranhamento, e uma busca silenciosa por pertencimento.

Ao retornar, não reencontramos apenas o que deixamos — reencontramos um novo "eu" atravessado pela experiência migratória.

O retorno pode ser doloroso, mas também pode abrir espaço para a reinvenção de si mesmo.

Leia o texto completo no Blog https://www.psicologatatianafesti.com.br/2177-2/




Mudar de cidade é mais do que mudar de endereço.É carregar na mala pedaços de quem fomos, enquanto nos abrimos ao descon...
20/04/2025

Mudar de cidade é mais do que mudar de endereço.
É carregar na mala pedaços de quem fomos, enquanto nos abrimos ao desconhecido.
Em entrevista para a coluna Sempre Família, compartilhei minhas reflexões sobre os afetos que levamos, os vínculos que se transformam e a importância de cuidar das emoções durante esse processo.

Deslize para ler alguns trechos da entrevista. Acesse o texto completo no site da Sempre Família.

https://www.semprefamilia.com.br/comportamento/os-cuidados-do-casal-ao-mudar-de-cidade-para-manter-antigos-lacos-e-construir-novos-vinculos/

Mudar de cidade é mais do que mudar de endereço.É carregar na mala pedaços de quem fomos, enquanto nos abrimos ao descon...
20/04/2025

Mudar de cidade é mais do que mudar de endereço.
É carregar na mala pedaços de quem fomos, enquanto nos abrimos ao desconhecido.

Em entrevista para a coluna Sempre Família, compartilhei minhas reflexões sobre os afetos que levamos, os vínculos que se transformam e a importância de cuidar das emoções durante esse processo.

Deslize para ler alguns trechos da entrevista. Acesse o texto completo no site da Sempre Família.

https://www.semprefamilia.com.br/comportamento/os-cuidados-do-casal-ao-mudar-de-cidade-para-manter-antigos-lacos-e-construir-novos-vinculos/

A alma do migrante carrega ausências: línguas que se calaram, rostos que ficaram, raízes que ainda buscam terra. A imigr...
16/04/2025

A alma do migrante carrega ausências: línguas que se calaram, rostos que ficaram, raízes que ainda buscam terra. 

A imigração, segundo Salman Akhtar, não é um simples deslocamento geográfico, mas uma travessia psíquica que reverbera nos alicerces mais profundos do sujeito. Ao deixar para trás seu território, o imigrante também abandona partes de si — a língua materna, os rituais familiares, o ritmo das ruas e os rostos que sustentavam sua identidade. E, no lugar do conhecido, instala-se o estranho: o novo idioma, os códigos sociais desconhecidos, e o desafio de ser alguém onde ninguém ainda o reconhece.

Akhtar propõe que o processo migratório envolve lutos múltiplos, alguns visíveis — como a perda da pátria e do status social — e outros invisíveis, como o rompimento simbólico com a cultura primária e com a estabilidade do ego. Tais perdas, se não simbolizadas, podem gerar ansiedade, culpa, depressão e sentimentos de desrealização, abrindo terreno fértil para defesas arcaicas, rupturas identitárias e adoecimentos psíquicos sutis.

O artigo explora ainda o impacto da migração sobre o inconsciente e a linguagem. A língua materna, afirma o autor, é o continente afetivo no qual o sujeito aprendeu a sentir e nomear. Ao adotar uma nova língua, muitas vezes o imigrante se vê impedido de expressar plenamente seus afetos — uma mutilação simbólica que ressoa no corpo e na escuta clínica.

Nesse cenário, o setting analítico torna-se um espaço privilegiado para reelaborar o exílio. O analista é chamado a escutar os ecos do passado que atravessam o presente do analisando, os silêncios carregados de significado e as tentativas fragmentadas de reconstruir um "eu" desabitado. A clínica, então, funciona como continente simbólico — um lugar onde o sujeito pode, lentamente, fazer luto do que foi perdido, e reinvestir no que pode vir a ser.

"Psychoanalytic views on the experience of immigration", de Salman Akhtar (2011), publicado na Psychoanalytic Psychology.




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