21/03/2025
Nesta semana, uma paciente chegou tristinha pela partida do seu gatinho. O luto é assim mesmo… vem em ondas, com altos e baixos.
Durante a sessão, lemos juntas um livro sobre despedidas. Um livro delicado, que abraça. E, naquele momento, eu senti que precisava dividir com ela algo muito meu.
Contei que também estou de luto. Hoje faz um mês que a Maya, minha cachorrinha, se foi. Minha companheira, minha parceira de todos os dias. A dor ainda é recente. Lateja.
Depois da leitura, desenhamos nossos bichinhos. Enquanto lembrávamos de momentos felizes, nossos olhos brilhavam — de saudade, de amor, de dor e de gratidão.
Foi uma daquelas sessões que ficam na alma. Cheia de conexão, de verdade.
Passei o dia — e hoje de novo — mergulhada em pensamentos. E uma pergunta veio forte: O que a partida da Maya me ensinou?
Ela faleceu numa quinta-feira. Na sexta, cancelei os atendimentos. Eu realmente não tinha condições de estar presente para o outro quando mal conseguia estar presente para mim.
Durante o final de semana, me permiti sentir, parar. Viver o luto com tudo o que ele traz.
Na segunda, voltei aos atendimentos. Foi uma semana difícil, daquelas em que o “Oiiii” animado da Tia Bru e o “sorriso de sempre” estavam mais baixinhos, mais frágeis…
Então, decidi contar às crianças. Disse que estava triste, porque minha cachorrinha tinha virado estrelinha.
Quis que soubessem que não era sobre elas. Mas mais do que isso… quis que vissem que está tudo bem ficar triste. Que a tristeza também faz parte da vida e precisamos nos permitir sentir. Que os adultos também sentem.
Eu me permiti ser vulnerável. De verdade.
E fui surpreendida com desenhos cheios de cor, bilhetinhos com palavras doces, presentinhos feitos com carinho, abraços apertados… e até um “sinto muito, Bruninha. Eu te amo.”
Me senti cuidada. Acolhida. Amada.
E foi a Maya quem me deu esse presente. Mesmo depois de partir, ela me permitiu viver algo imensamente bonito e profundo.
Ela segue aqui. Segue viva em mim. No amor que ficou.