01/02/2020
Dominando o Pânico: Entenda o porque de cada sintoma.
Um ataque de pânico pleno é um período distinto de medo ou desconforto intenso que atinge máxima intensidade rapidamente (p.ex., dentro de, no máximo, 10 minutos) e inclui quatro ou mais dos seguintes sintomas:
•Palpitações ou taquicardia
•Sudorese
•Tremores ou abalos
•Sensações de falta de ar ou sufocamento
•Sensações de asfixia
•Dor ou desconforto torácico
•Náusea ou desconforto abdominal
•Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
•Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização ( estar distanciado de si mesmo)
•Medo de perder o controle ou enlouquecer
•Medo de morrer
•Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento)
•Calafrios ou ondas de calor
Os ataques de pânico envolvem um início súbito de medo intenso de certas sensações físicas que são erroneamente interpretadas como indicando uma ameaça iminente, mesmo catastrófica, à saúde física ou emocional do indivíduo. A interpretação errônea de ameaça aumenta a apreensão e a vigilância em relação à esses sintomas físicos e leva a respostas de evitação e busca de segurança para reduzir a possibilidade de futuros ataques de pânico.
ATENÇÃO: só leia desse detalhamento dos sintomas do pânico depois de ter compreendido que a ansiedade não é perigosa (e que todos os sintomas estão relacionados a mecanismos desenvolvidos ao longo de milhares de anos de evolução, os quais têm como função favorecer a sobrevivência do organismo em casos de perigo real)
Respiração rápida e coração acelerado: O corpo quer garantir o adequado suprimento de sangue e oxigênio para os principais músculos entrarem em ação diante do perigo.
Sudorese: O enfrentamento do suposto perigo elevaria a temperatura corpórea, sendo o suor o mecanismo de resfriamento para evitar o superaquecimento.
Náusea, desconforto abdominal ou desarranjo estomacal: Para enfrentar o perigo, o corpo desativa sistemas e processos desnecessários, direcionando todas suas energias para as funções essenciais à sobrevivência (você não precisa digerir o almoço para fugir de um leão faminto!). Em muitas pessoas, ocorrem alterações na mobilidade estomacal, gerando sensações de desarranjo.
Dormência e formigamento: Existem duas fontes: 1) hiperventilação, (exagero ao tentar respirar mais rapidamente para preparar-se para as reações de luta e fuga) e 2) arrepio dos pêlos, que aumenta a sensitividade da pele, favorecendo uma rápida reação diante de toque ou movimento (nas situações em que o organismo esteja diante de ameaças reais a sua sobrevivência). Contudo, essa reação dos folículos capilares pode causar uma sensação estranha na pele.
Tontura: Durante a hiperventilação, certas áreas do corpo recebem maior aporte de oxigênio do que outras, e o cérebro é uma das áreas que recebe menos oxigênio. Essa reação inofensiva e transitória pode causar tonturas, distúrbios visuais ou sensações de desrealização.
Aperto ou dor no peito: É o resultado de uma tensão muscular global. A tensão muscular tem por objetivo preparar o corpo enfrentar o perigo.
Desrealização ou ofuscamento da visão: Ocorre quando o ambiente parece mais brilhoso ou turvo (algumas pessoas relatam que é como se estivessem vendo as coisas com um plástico na frente dos olhos). É um efeito da dilatação da pupila, que tem por objetivo fazer com que mais luz entre nos olhos, favorecendo a detecção de ameaças no ambiente.
Sensação de asfixia ou engasgo: Duas são as fontes para a sensação de asfixia ou engasgo: 1) tensão muscular globalmente aumentada, o que afeta também a musculatura ao redor do pescoço e esôfago e 2) respiração acelerada, de modo que a rápida entrada e saída de ar resseca a garganta.
Sensação de peso nas pernas: Como as pernas são as partes mais importantes do corpo para as respostas de fuga, nada mais natural que os músculos dessa área estejam especialmente tencionados como forma de prepararem-se para ação.
Calafrios / ondas de frio e calor: Os calafrios e/ou ondas de frio e calor advém de duas reações que ocorrem simultaneamente: transpiração aumentada e constrição dos vasos sanguíneos das camadas mais superficiais da pele.
Fonte: Beck e Clark, 2012. Terapia Cognitiva para os Transtornos de Ansiedade.
Otto, W.M., Pollack, M. H (2009). Stopping Anxiety Medication Workbook. Oxford: Oxford University Press. 2009.