03/12/2025
A agressão física é apenas o ato final de uma peça de terror que começa muito antes. É o topo de um iceberg feito de silêncios e manipulações.
Antes do tapa, existe o controle.
Existe o ciúme disfarçado de “cuidado”.
Existe a violência patrimonial, onde o dinheiro vira ferramenta de chantagem.
Existe o gaslighting, aquela distorção sutil da realidade que faz a mulher duvidar da própria sanidade.
Existe a violência psicológica do silêncio punitivo, do isolamento dos amigos, da crítica velada à roupa, ao corpo, ao intelecto.
Tudo isso é violência. Tudo isso é a tentativa desesperada de um ego frágil tentando se manter no comando.
E eu não falo isso de cima de um pedestal de perfeição. Eu falo olhando nos seus olhos, de homem para homem. Eu já fui tóxico. Eu já fui o imaturo que projetava as próprias inseguranças na parceira. Eu já fui o cara que não sabia comunicar uma emoção e transformava frustração em frieza ou controle.
Nós nascemos imersos num patriarcado que nos ensina, desde o berço, que masculinidade é sinônimo de dominação. O machismo é o “software” que a sociedade instala na nossa mente: não chore, não sinta, conquiste, possua. É uma doença estrutural enraizada.
Mas escuta o que eu vou te dizer: usar a estrutura como desculpa é coisa de covarde.
Reconhecer que você está reproduzindo esses padrões é o primeiro passo. Mas querer mudar? Isso exige vísceras. Exige a coragem de olhar para o seu próprio lixo emocional, para as suas sombras, para a criança ferida que habita em você, e dizer: “Chega. O ciclo acaba em mim.”
A transformação não acontece por osmose. Ela exige terapia, exige regulação emocional, exige a quebra dolorosa do ego. Eu precisei morrer e renascer várias vezes para entender que amar não é prender. Amar é libertar.
Se você se identificou com algo aqui, não se julgue a ponto de paralisar. Se movimente a ponto de mudar. A masculinidade só é real quando ela cura, e não quando ela fere.
Estamos juntos nessa reconstrução?