05/11/2025
O Transtorno Explosivo Intermitente sob a ótica da Psicologia Existencial-Fenomenológica
Na perspectiva existencial-fenomenológica, o **Transtorno Explosivo Intermitente** não é compreendido apenas como um quadro de impulsividade ou descontrole emocional, mas como uma **expressão do modo de ser-no-mundo** da pessoa — um modo em que a raiva explode como uma forma extrema de tentar **afirmar a própria existência**, em meio a sentimentos profundos de impotência, ameaça ou desamparo.
A pessoa que vivencia crises explosivas não é simplesmente “agressiva”. Ela se encontra, muitas vezes, **tomada por um afeto que a ultrapassa**, um acúmulo de tensões que não encontrou espaço de elaboração no cotidiano. A raiva, nesse sentido, surge como **uma linguagem do não-dito**, um grito de uma subjetividade sufocada pelas pressões do mundo e pelos próprios limites de lidar com suas emoções.
Na visão existencial, o foco não é eliminar o sintoma, mas **compreender o sentido da experiência**. O que esse rompante revela sobre o modo como o indivíduo está se relacionando com o mundo, com os outros e consigo mesmo? Quais aspectos de sua existência estão sendo silenciados, comprimidos, até que só reste o estouro como possibilidade de expressão?
O processo terapêutico, portanto, não busca “controlar” a raiva, mas **abrir espaço para que ela seja compreendida**: o que ela comunica, o que tenta proteger, o que denuncia de uma vida que talvez esteja sendo vivida com excesso de exigência, de injustiça ou de dor.
Ao invés de apenas conter o impulso, o trabalho é **dar sentido ao que o antecede**, reconhecendo a raiva como parte legítima da existência, que precisa ser acolhida e ressignificada — e não reprimida ou patologizada isoladamente.
Em essência, o olhar existencial-fenomenológico propõe um deslocamento: do **controle para a compreensão**, da **culpa para a responsabilidade**, e da **explosão para o encontro** — um encontro mais autêntico consigo e com o outro, onde a raiva possa se transformar em linguagem, não em ruptura.