14/02/2022
"Será que tá certo isso?". Esse frase surge na metade do filme, dita por uma mãe, ao nos contar de forma muito emotiva e fragilizada sobre o nascimento de seu primeiro filho. É uma fala de muita dor e culpa pela cesárea que não gostaria de ter passado e pelas repercussões dela na sua maternidade. Mas ao mesmo tempo é um questionamento que representa exatamente a trilogia do "Renascimento do Parto" e que, diferentemente da imagem, não pode ser respondido numa simples pesquisa na internet.
Seguindo a mesma linha dos 2 filmes anteriores, violência obstétrica continua sendo uma questão, mas desta vez também aprofundando o tema da violência neonatal. Em entrevistas, vemos pais tranquilos por seus filhos estarem em UTIs neonatais, porém aparentemente sem compreender os motivo desse desfecho. Assim como acompanhamos exames e cuidados de rotinas de recém nascidos, acontecendo de forma fria e, por vezes, cruéis, uma rotina em muitos nos hospitais.
Em contrapartida nos é apresentada a Casa Angela. Um Centro de Parto Humanizado, localizada em São Paulo e operando pelo SUS e por doações. Um espaço com salas de parto e ambientes acolhedores, ainda um sonho para muitos estados no país. Além desse modelo de atenção, conhecemos um pouco mais sobre o parto domiciliar planejado realizado no Brasil e no mundo.
Para falar de parto fisiológico e resgate do feminino, que vai contra um sistema centrado numa assistência estéril e machista, nada melhor do que conhecermos o 'Parto Orgásmico', documentário de 2009 que nos trás outras experiências possíveis de partos, onde se possa sentir prazer, amor e calma, ao invés de dor e sofrimento como fomos educadas a enxergar o nascimento.
E essa trilogia é sobre isso também. Desmistificar o parto, mostrar o possível e belo, o nascimento como algo seguro e saudável. Escancarando a assistência desumana e cruel, normal e rotineira, que nos fizeram chegar a 56% de cesáreas e altos indices de internações neonatais.
Por ainda precisarmos melhorar muito é que esses 3 documentários foram nossas primeiras dicas, para que alcancem mais pessoas e continuem levando indagações e questionamentos sobre a situação obstétrica e neonatal do nosso país.