24/09/2025
A fibromialgia é muito mais do que sentir dor pelo corpo. Ela é uma presença constante, silenciosa, que se infiltra em cada gesto, em cada pensamento, e mesmo assim muitas vezes permanece invisível para os outros. Para quem convive com ela, a dor não é apenas física — é emocional, psicológica e social. É a dor de não ser visto, de não ser acreditado, de ouvir repetidas vezes que “é só cansaço” ou “você está exagerando”.
Viver com fibromialgia é acordar todos os dias com músculos tensos, ossos cansados, uma fadiga esmagadora que não passa com uma noite de sono, e uma mente que, embora queira seguir, sente-se lenta, confusa e sobrecarregada. Cada movimento simples, como levantar da cama, pentear o cabelo ou atravessar a rua, pode se transformar em um desafio. É uma batalha diária contra um corpo que parece não cooperar, e contra uma sociedade que exige produtividade constante, sem espaço para fraqueza.
A incompreensão dói mais do que a dor física. Amigos, familiares, colegas de trabalho — muitos não percebem que a fibromialgia não é preguiça, não é frescura, não é falta de vontade. É uma doença real, reconhecida pela ciência, que altera a forma como o corpo sente dor e fadiga. Cada comentário desdenhoso, cada olhar cético, é como uma picada invisível, lembrando que, além da dor física, existe a dor de se sentir isolado, incompreendido e desacreditado.
Há dias em que o corpo grita e a mente quer se esconder. Há dias em que a dor parece sussurrar: “ninguém entende, ninguém vê o que você sente”. E mesmo assim, é preciso seguir. Tomar banho, alimentar-se, trabalhar, cuidar de quem depende de você. Cada pequena conquista é um esforço hercúleo, um ato de coragem que raramente recebe reconhecimento.
E, ainda assim, há beleza nessa força silenciosa. A pessoa com fibromialgia aprende a valorizar cada momento de alívio, cada gesto de empatia, cada ouvido atento que não julga. Aprende a conhecer seus limites, a respeitar seu corpo, a lutar pelo direito de existir plenamente, mesmo que diferente.
A fibromialgia é a dor que ninguém vê, mas que molda profundamente a vida de quem a carrega. É a dor de ser incompreendido, de lutar constantemente contra a invisibilidade e o ceticismo. Mas é também a prova de resistência, de coragem e de uma força interior que a sociedade muitas vezes não consegue enxergar. Porque, no fundo, a maior batalha não é apenas contra a dor física, mas contra a dor da incompreensão.