07/11/2024
Freud, hoje?
Não há dúvidas quanto aos avanços na compreensão da mente humana possibilitados pela obra de Freud (1856 – 1939). Entretanto, vivendo dois séculos à frente, há quem discuta a aplicabilidade de seu pensamento na atualidade.
Claro, por mais disruptivas que tenham sido suas ideias, o médico austríaco não deixou de ser reflexo de seu tempo e do local onde viveu. Sobre esse ponto, Bruno Bettelheim, renomado psicanalista e psicólogo infantil, fez uma análise exemplar no artigo que nomeia seu livro A Viena de Freud e outros ensaios. Bruno Bettelheim nasceu em 1903, também em Viena, conhecendo bem seu objeto de estudo. De acordo com ele, “não é por acaso que a psicanálise nasceu em Viena e ali atingiu sua maturidade.”(BETTELHEIM, 1991,p.3).
Ao mesmo tempo que vivenciava a derrocada do império austro-húngaro – o maior que o mundo havia conhecido até então – a Viena da virada do século XIX para o século XX continuava a crescer em importância econômica, renome e oportunidades culturais. Para Bettelheim, essa ambivalência estaria na base da ênfase de Freud nos conflitos vivenciados por neuróticos em sua psique. Ao mesmo tempo, a decadência política a partir de 1859 (quando Freud tinha 3 anos) voltava as atenções para o mundo interior. O imperador Francisco José casaria-se com a mais bela princesa da Europa que, porém, demonstraria uma personalidade histérica. O casal perderia o único filho homem. Na época, sua morte foi anunciada como pacto de suicídio com uma de suas amantes. Os acontecimentos vivenciados pela família real, para Bettelheim, refletiram-se em conceitos freudianos como pulsão de morte e histeria.
Já no roteiro de Jean Paul Sartre, Freud além da alma, a análise do complexo de Édipo f**a clara em lembranças que o próprio Freud tinha de sua mãe, revisitada depois com seus pacientes.
Freud, neurologista, não apenas estudou as patologias, mas também as emoções a elas atreladas, a fisiologia cerebral e os processos cognitivos relacionados. Estudos recentes possibilitados por aparelhos de ressonância magnética e PET-Scan, ao contrário de colocarem abaixo suas afirmativas, têm confirmado sua descrição de áreas do cérebro e funcionamento neuronal.
Sua obra não permanece presa ao século XVIII. Foi ressignif**ada e complementada por gerações de sucessores, entre eles Lacan, Melanie Klein, Françoise Dolto, Winnicott e André Green. Hoje, a psicanálise continua ajudando a melhorar a qualidade de vida de pessoas que se dispõem a escavar pacientemente as profundezas do inconsciente.
O grupo de estudos “Sobre a psicanálise: escritos basilares de Freud” é uma oportunidade de conhecer mais sobre a evolução do pensamento desse grande autor.
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