06/11/2025
Ontem uma paciente acabou não vindo e eu fiquei com um horário vago no meio da tarde. Um horário vago tem sido sempre um convite para preencher com outra coisa. Seja atualizar algum prontuário, ler aquele texto, comer algo ou até mesmo ficar rolando feed aqui no Instagram. Como se não pudesse ter vazio.
Entao, fiz algo diferente depois de tirar essa foto. Não fiz absolutamente nada. Sentei na poltrona e ali fiquei na companhia dos meus pensamentos e ouvindo a minha respiração. Meditei? Não. Fiquei ali.
Você já parou para pensar porque isso tem sido cada vez mais raro de fazermos?
Vivemos em uma sociedade que valoriza a produtividade excessiva e naturalizou cansaço. Aquela frase muito emblemática da lógica contemporânea do desempenho que diz “ trabalhe enquanto os outros dormem”.
Um ideal de produtividade extrema, em que o valor da pessoa se mede pelo quanto ela produz, se esforça e se sacrifica.
Ela sugere que o sucesso depende de estar sempre ativo, sempre fazendo mais, sempre à frente dos outros. Mas, na prática, essa mentalidade tem efeitos psicológicos profundos e adoecedores.
Essa forma de pensar nasce em uma cultura que glorifica o excesso, o trabalho contínuo, as rotinas sem pausas. Isso gera uma sensação de urgência constante, como se descansar fosse sinônimo de fracassar.
Tenho recebido tantas pessoas com sintomas ansiosos aqui. Corpo e mente entrando em colapso diante da pressão de “nunca parar”. E achando certo nunca parar. Algumas, até se sentido angustiadas quando ficam sem ter o que fazer. Esses dias ouvi de outra pessoa em um evento social: “ eu sou imparável”.
Fiquei pensando. Até quando?
Gente, descansar não é desistir, é uma forma de sustentar o próprio fazer.
O ócio, o silêncio, o sono e o tempo livre são territórios férteis da criatividade e da saúde mental. E isso vale também para as crianças.
Pense nisso!
Bom, depois da minha pausa inesperada, estava inteira para a próxima das 17h.