14/11/2025
É curioso como todos amam falar de “saúde mental”, mas poucos querem, de fato, pagar por ela.
No discurso, valorizam o psicólogo; na prática, querem que ele trabalhe por centavos seja em planos de saúde que remuneram menos que uma corrida de aplicativo, seja em plataformas que tratam a psicoterapia como delivery emocional.
Depois questionam:
“Por que não existe qualidade nesses atendimentos?”
Ué… porque qualidade não nasce de precarização.
Não existe cuidado profundo quando o profissional precisa atender 40 pacientes por dia para pagar as contas.
Não existe ética sustentável quando o valor pago por sessão não cobre nem o tempo fora da sessão aquele no qual o psicólogo estuda, pensa o caso, planeja intervenções.
Mas isso ninguém vê.
Querem cura, mas não querem processo.
Querem acolhimento, mas não querem reconhecer que o cuidado exige tempo, preparo, presença e isso tem valor.
Psicoterapia não é brinde.
Não é desconto relâmpago.
Não é recompensa por fidelidade.
É um serviço especializado, fundamentado em ciência, que exige investimento emocional, cognitivo e financeiro do profissional e do paciente.
E é irônico quase cínico ver a sociedade dizer que “valoriza a saúde mental” enquanto empurra o psicólogo para a ponta mais frágil da cadeia: a precarização mascarada de “acessibilidade”.
Acessível para quem?
Para o paciente que paga pouco, talvez.
Mas às custas de um profissional exausto, desvalorizado e impossibilitado de entregar o melhor que sabe.
Cuidado não combina com pressa.
Atenção não combina com quantidade.
E saúde mental não combina com exploração.
Se o mundo realmente valorizasse psicólogos, começaria pelo óbvio:
pagar pelo trabalho que tanto diz respeitar.
Claro, Lira. Aqui vão hashtags fortes, críticas e alinhadas ao debate sobre precarização e valorização profissional, prontas pra copiar: