Maurício de Novais Reis Psicanalista

23/10/2025

Há uma diferença perceptível no olhar de quem faz análise. Não, não se trata de alcançar a perfeição [seria uma meta impossível, porque ilusória], mas de saber lidar com a falta.

05/10/2025

Reunião da Academia Teixeirense de Letras (ATL) ocorrida no Campos X da Universidade do Estado da Bahia, em Teixeira de Freitas.

24/09/2025

O LIVRO MAIS TRÁGICO & BRUTAL QUE JÁ ESCREVI

"Vidas Trágicas", livro prefaciado pelo escritor e jornalista Almir Zarfeg, apresenta uma coletânea de narrativas curtas (contos e crônicas) que abordam as temáticas mais sombrias da condição humana, frequentemente permeadas de tragédias e violências. As histórias descrevem a solidão e o desespero de personagens confrontados com o fim da vida e o lamento de pessoas anônimas diante de suas mágoas e arrependimentos existenciais. O desespero e a crueldade são evidentes em contos de escravidão brutal e assassinato, enquanto outros contos focalizam a complexidade das relações familiares e a busca incessante por sentido em um mundo ameaçador.

Todos os contos são de ficção. Mas alguns ficcionalizam acontecimentos reais. É o caso do conto "Instinto Materno", que aborda o assassinato de uma professora mineira pelo próprio filho. Outros contos inspirados em acontecimentos da vida real são: "A Seita", "Lusitânia", "Pâmela" e "Lembranças de Isabella". Este último foi escrito após o falecimento de Isabella Nardoni. "Lusitânia" rememora a trajetória de uma radialista da minha cidade natal que faleceu em Portugal. E Pâmela tinha sido minha aluna quando era criança: inteligente e criativa. Mas infelizmente se suicidou aos vinte e poucos anos.

Já outros textos são reflexos de relatos ouvidos (que nunca saberemos se são reais ou imaginados - como se isso fizesse alguma diferença!) que fizeram morada na minha memória literária e acabaram virando contos. Sim, a escrita também opera como uma espécie de catarse das coisas que vão nos emudecendo profundamente. Nessa categoria temos os contos "No divã", "O psicanalista" e "Verônica".

E, por fim, temos os contos puramente ficcionais. Este é o caso dos contos sobre escravidão (embora "Vênus sem Deus" tenha sido baseado numa história contada por Saidiya Hartman) e nos demais contos da coletânea.

A memória registra fenômenos e busca significá-los. Escrever essa coletânea de narrativas foi a maneira que encontrei de atribuir significado àqueles que passaram tragicamente pela vida e que, porventura, tenham sido esquecidos. Os textos são, concomitantemente, um lembrete de que o coração dos homens está cheio de maldade e loucura e também uma homenagem a todos aqueles que foram tragados pelas tragédias da vida.

Este livro é um elogio ao "memento mori" não porque nos lembra da morte, mas porque nos convida a viver. Suas narrativas traçam um panorama trágico das adversidades e da efemeridade da existência, questionando o significado da felicidade e da liberdade.

O livro está em pré-venda no site da Opera Editorial:
https://operaeditorial.com.br/produto/vidas-tragicas/

30/08/2025

Se o mundo estava mal-frequentado, a partir de agora, com sua saída, ficou um pouco pior. Luís Fernando Veríssimo era um daqueles que podemos chamar de imprescindíveis.

30/08/2025

Ostentando a edição de 1982 do livro "O analista de Bagé", despeço-me de Luís Fernando Veríssimo, o eterno analista de Bagé, que me interpretou psicanaliticamente e me fez perceber que também, como ele, sou um "gutenbergomaníaco".

Essa síndrome de Gutenberg, descrita em tom bem-humorado - como era marca registrada do Veríssimo - acomete indivíduos produzindo uma paixão obsessiva pela página impressa. Fui acometido por essa síndrome ainda na infância e, por mais que eu lute, não consigo me curar.

Luís Fernando Veríssimo tem um pouco de culpa nisso, não somente porque me apresentou o diagnóstico - gutenbergomaníaco -, mas principalmente porque a terapêutica que prescreveu foi mais leitura, mais página impressa, mais escrita, mais livros... E cá estou eu, com uma sintomatologia cada vez mais evidente, uma etiologia cada vez mais arraigada, deitado no pelego [sobre o divã] da minha analista tentando entender quem eu sou nessa terra de gigantes [pra citar outra referência gaúcha, tchê!].

Como psicanalista, algumas vezes quase rolei de rir das "estórias" do analista de Bagé, que li repetidas vezes. "Te deita no pelego" vem à minha mente sempre que peço para o analisando passar para o divã.

E na verdade... é esta lembrança persistente na mente do leitor que faz o escritor ser imortal.

PS: O analista de Bagé (na capa do livro) trabalhava sob o olhar auspicioso de Freud. Veja quem está me olhando na prateleira acima da minha cabeça.

17/08/2025

Privação & Delinquência (Donald Winnicott)

17/08/2025

Não se esqueça que o meu livro está à venda no site da Caravana Grupo Editorial.

Sinopse:
"Lo mínimo que necesitas saber sobre filosofía africana" oferece uma incursão panorâmica na história do pensamento africano, ajudando a compreender a África como um continente culturalmente diverso e rico em termos epistemológicos. Este livro fenomenal apresenta as ideias mais complexas da filosofia africana de maneira sensacional, didática e apaixonada, combate os preconceitos racistas promovidos pelo eurocentrismo, resgata a intelectualidade africana antiga e, além disso, inova ao fazer isso em poucas páginas.

Garanta já o seu exemplar:
https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/lo-minimo-que-necesitas-saber-sobre-filosofia-africana/

15/08/2025

15/08/2025

15/08/2025

Na clínica psicanalítica, nem sempre o que mais diz sobre alguém é o que está presente — muitas vezes é o que falta.

O não-dito, o vazio, o espaço em branco, podem falar mais alto que qualquer discurso. Há dores que não encontram palavras, mas que insistem em se inscrever no corpo: na tensão dos ombros, no aperto dos dedos, na postura retraída.

Na análise, damos lugar a esse espaço. Não para preenchê-lo apressadamente, mas para habitá-lo junto com quem sofre — até que ele possa, um dia, ganhar forma, sentido e nome.

Porque às vezes, antes de falar, é preciso ser escutado até no silêncio.

10/08/2025

Freud já havia interpretado sonhos, atos falhos e lapsos de memória… mas segurar um discípulo no colo era novidade. Só podia mesmo ser um desses sonhos absurdos que nos invadem.

No fim, Freud percebeu: não era só uma criança no colo, era também o prenúncio de décadas de debates, releituras e, claro, alguns trocadilhos teóricos que só os dois entenderiam. E, entre um olhar sério e outro, Freud jurou ter ouvido Lacan dizer:

— Sabe, papai… digo, doutor… isso aqui vai dar pano pra muita análise.

Foi quando entendeu que inspirar intelectualmente alguém também é uma forma de fazer-se pai.

18/07/2025