30/11/2025
📜 Itan de Oxalá: O Dia do Branco e o Silêncio Sagrado
Conta-se que, em um tempo antigo, Oxalá — Orixá da criação, da paz e do sopro que dá vida — decidiu visitar Orunmilá para buscar orientações e conhecimento. Antes de partir, recebeu um aviso dos demais Orixás:
“Oxalá, no caminho até Orunmilá, evite festas, bebidas, discussões e, acima de tudo, não aceite convites para descansar na casa de ninguém. Siga firme e com paciência.”
Oxalá, sereno e confiante, iniciou sua jornada. Porém, o caminho era longo e o calor do sol intenso. Em meio ao trajeto, encontrou Exu, guardião das encruzilhadas, que desejava testar a calma daquele que é o próprio silêncio do mundo.
Exu ofereceu água fresca, sombra e descanso. Oxalá, exausto, aceitou. Adormeceu sob uma árvore e, ao acordar, percebeu que havia perdido tempo demais. Seu corpo estava fraco e seus passos ficaram lentos — até que, ao tentar continuar a caminhada, foi detido por soldados que não o reconheceram.
Levado diante do rei Xangô, foi condenado à prisão. Seus pulsos foram amarrados com correntes de ferro, metal frio, pesado e impuro para quem nasceu do branco.
Muito tempo passou até que Orunmilá recebeu a notícia. Reconhecendo ali uma injustiça, procurou Xangô e explicou que o prisioneiro era Oxalá — o Pai da Criação. Ao ouvir isso, Xangô encheu-se de arrependimento. Libertou Oxalá, lavou-lhe as feridas e o cobriu com roupas brancas como a luz do céu.
Como aprendizado desse dia nasceram preceitos e fundamentos:
✨ Oxalá não usa ferro — o metal que o aprisionou.
✨ Seu dia sagrado é o dia do branco, da paz e do silêncio.
✨ Nele aprendemos que impaciência traz atraso, mas calma e fé trazem caminho.
E assim foi honrado como Orixá da serenidade, senhor do tempo que cura, da brancura que purifica e da palavra que só é dita quando necessária.