14/03/2024
A infância é um período repleto de conhecimento e simbolizações que acabam por ser esquecidos com as marcas do tempo.
Percepções que foram vivenciadas podem nos escapar da memória consciente, mas permanecem fragmentadas em recordações “quase” sem sentido.
Em nossos pensamentos, podemos nos deparar com pedaços de lembranças que não passam de retalhos de uma história que já se passou, ou que nem mesmo podemos dizer se essas recordações de fato aconteceram.
Rememoramos nossas memórias desconexas, num ato de trazer fragmentos da nossa história que não estão totalmente ao nosso alcance.
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No texto “Lembranças da Infância e Lembranças Encobridoras”, Freud argumenta sobre fragmentos de memórias da infância, que à primeira vista podem parecer triviais, mas que possuem representações disfarçadas de conteúdos inconscientes reprimidos, como se nosso inconsciente nos contasse apenas pequenas porções de memórias que simbolizam questões maiores dentro de nós.
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“Tudo é mistério nesse reino que o homem começa a desconhecer desde que o começa a abandonar” - Cecília Meireles
“Quando as crianças brincam / E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma / Começa a se alegrar.
E toda aquela infância / Que não tive me vem,
Numa onda de alegria / Que não foi de ninguém.
Se quem fui é enigma, E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta / Isto no coração.” (Fernando Pessoa)
REF: Freud, S. (1901). "Psicopatologia da vida cotidiana". In: Obras Completas, Vol. VI. Rio de Janeiro: Editora Imago.