16/06/2022
Algo muito comum em pessoas LGBT+, seja na vida, na terapia, ou na teoria, é uma autocritica constante.
Há uma cobrança constante pela perfeição e muitas vezes isso acontece desde cedo em suas vidas. Nada nunca parece estar bom o suficiente. E por que isso acontece?
Desde cedo, quando se percebem diferentes de outras crianças, criam formas de "compensar" por essa diferença, a qual entendem como algo errado e "quebrado" dentro de si.
Muitas vezes, isso pode resultar em ser melhor nos estudos, a criança que "não dá problema" ou a que ajuda em casa.
E muitas vezes, essa "compensação" da certo. São valorizados pela dedicação, mesmo que a custa de sua autenticidade.
Só que existe um efeito colateral nisso, pois é aprendido que não se pode errar. Afinal de contas, se isso acontecer, irão perder todo o reforço que foi recebido do exterior. E novamente seriam apenas a "criança diferente e quebrada".
Por isso, muitos LGBTs possuem baixa tolerância ao erro. A autoestima e aceitação acaba sendo regulada por fatores exteriores, como a gratificação por outras pessoas. E quando erram, a dor consuma ser intensa, questionando a sua competência, suficiência e se de fato merecem suas conquistas.
E com isso outro efeito colateral é a hipervigilância. "Anda direito", "Isso não é coisa de menina". Você já ouviu isso antes? Muito antes que de ter a mínima ideia sobre o que é ser LGBT+, são frase que vão deixando marcas profundas.
Criticando a forma de ser, se portar e expressar pois foram alvo de críticas durante toda a vida. Tudo isso resulta numa hipervigilância constante em que se desaprova quem é e se molda ao heteronormativo.
"Ser bom não é o suficiente, você precisa ser o melhor". A autocritica é implacável pelo simples motivo de estar presente há muito tempo. Desde ser o melhor da aula, até o líder no trabalho. Ao mesmo tempo em que lutam pelo sucesso, no menor erro, pensam o pior sobre si mesmo.
Estratégia de sobrevivência, no final das contas, toda essa autocritica e perfeccionismo que criamos nada mais é do que uma estratégia para conseguir aceitação e validação externa. Ela pode ter funcionado na infância, mas vale o custo hoje?
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