25/07/2025
Carta após o fogo
Quando tudo queimou, eu fiquei.
Fiquei com a alma em pedaços e, ao mesmo tempo, mais inteira do que nunca.
Fiquei olhando os escombros da minha sala como quem olha para dentro e se pergunta:
“O que é que realmente importa?”
Fez um mês.
Um mês que o fogo levou os objetos, a estrutura, as certezas.
Mas não levou minha fé, nem a minha essência.
E isso me fez lembrar que não é a sala, não são os móveis, os quadros na parede ou os cheiros no ar —
Sou eu.
Sou eu o coração do que criei. Sou eu a raiz de tudo que planto.
Mesmo sendo terapeuta, mesmo estudando a mente, as emoções, o corpo…
Não existe botão de “sei lidar”.
Existe respiração. Existe choro. Existe medo.
E existe coragem.
Foram dias intensos.
Dias em que me agarrei ao que sempre me sustentou:
a medicina ancestral, os olhinhos, os banhos com ervas, a oração, o cheiro da terra molhada, a força invisível que só quem vive da alma conhece.
Fiz de tudo, todos os dias, para não me perder de mim.
E sabe… talvez o fogo tenha cumprido sua missão.
Ele queimou o que precisava ir.
Abriu espaço para algo mais verdadeiro, mais forte, mais meu.
Me trouxe de volta para casa — a minha de verdade,
meus amores, meu chão, minhas raízes.
Hoje, escrevo com o coração cheio de amor e gratidão.
Porque mesmo quando o mundo parece desabar,
há uma força que nos levanta.
E ela vem de dentro.
Se você está passando por algo difícil, se tudo parece ter virado cinza…
Respira.
O que é seu de verdade, permanece.
E quando tudo queima, a alma acende.
Com amor,
Tatiane Amaral