21/02/2024
Que me vai conhecendo, sabe que não preparo posts, não tenho disponibilidade nem vontade, as coisas surgem… Assumo já, à partida, que amanhã isto pode não fazer sentido nenhum e desaparecer misteriosamente 😅
Hoje estava a olhar para os meus miúdos na natação, e a ouvir o podcast da Esther Perel, que falava sobre relações. (já agora, se não conhecem, procurem!)
Dei por mim a fazer uma ponte entre o que ouvia, o meu dia-a-dia com famílias e a parentalidade no geral.
Nas últimas décadas, passámos a perseguir a felicidade, como se fosse possível alcançá-la em pleno.
Com esta procura, tornámo-nos dependentes de uma única emoção, para nos sentirmos realizados, e tornamos os nossos filhos continuamente inquietos, com a sensação de falta de algo, que nunca lhes poderemos dar, a felicidade contínua.
Nesta tentativa de encontrar a perfeição, renegando um leque de emoções essenciais, esquecemo-nos de que, se houvesse perfeição, ela seria vivenciar todas as emoções, com a capacidade de as reconhecer e aceitar.
Nesta mesma tentativa de perfeição, perdemos a confiança de que fazemos o melhor pelos nossos filhos, mesmo quando não sabemos o que fazer. Esquecemo-nos de que os podemos ver, escutar, entender, melhor que ninguém!
Às vezes fala-se em empoderar os pais, penso muitas vezes nas consultas, que nunca poderemos empoderar os pais, se lhes dissermos o que o bebé precisa, porque chora, porque reage de determinada forma. Como já ouvi em várias formações, “se o bebé se encolhe são cólicas, quando chora e se estica é refluxo”. Muitas vezes dou por mim a perguntar “o que acham que está a dizer? O que sentem que o faz chorar neste instante?”
Pensando bem, não poderemos ser empoderados, quando procuramos alguém que nos empodere. E por outro lado, se alguém que se diz capaz de empoderar, muitas vezes (com boas intenções) estará a dar-nos um “livro de instruções”, que na verdade nos tira do lugar do “coração” e por isso, nos afasta do nosso “auto-empoderamento”.
(Continua nos comentários)