02/09/2025
Há 40 anos, as Carreiras Médicas estavam definidas e nunca pensamos que acabariam ....
SOBRE AS CARREIRAS MÉDICAS
1. No dia 17 de Junho de 1961, em Assembleia Geral da Ordem dos Médicos foi aprovado por unanimidade o Relatório sobre as Carreiras Medicas, elaborado por um conjunto. notável de personalidades médicas, tendo sido relator o Prof. Miller Guerra, um vulto eminente da Medicina Portuguesa. Nesse Relatório histórico, que devia ser lido e meditado por toda a classe médica, e não só, afirma-se ( Pg.114): «A finalidade suprema é a criação de um Serviço de Saude que deve garantir a qualquer indivíduo, no momento necessário, os cuidados médicos de que precisa». Estavam lançadas as sementes de um futuro SNS. Por outro lado, e no âmbito de uma profunda e brilhante análise do panorama da Saúde em Portugal, propunha-se como indeclinável, entre outros objectivos, a criação das Carreiras Médicas.
2. Esse objectivo só foi concretizado, infelizmente, cerca de vinte anos depois. Em 1982, o então Secretário de Estado da Saúde, , promulgava, em DL, a criação das carreiras medicas no seio do , concretizando finalmente os anseios da classe médica, nomeadamente da Ordem dos Médicos e dos Sindicatos médicos.
3. As Carreiras Médicas constituíram, sem dúvida, um dos pilares essenciais que promoveram e justificaram o magnífico desempenho do SNS durante longos anos. Por várias razões:
a. Fomentaram nos Serviços Clínicos uma cultura médica de excelência. Postulava-se, como exigência imperativa, a íntima conexão da , com a , a e a . Atingiu-se o fulgor na , a proficuidade na educação médica permanente, e a fecundidade na produção editorial e científica.
b. Constituíram um suporte inestimável no fomento e florescimento da , e consequentemente na cultura de uma médico/doente. A e que se praticava, contrasta de forma rude e chocante com a medicina robotizada, mecanicista, utilitarista e glacial do presente. Sem arte nem alma.
c. Premiavam a , o , a e a motivação dos membros do quadro orgânico. Os para progressão na carreira, duros e exigentes, demandavam e , , e permanente, e muita determinação para se alcançarem as metas almejadas. Honrava-se e enobrecia-se o .
d. Estabeleciam uma nos Serviços, alicerçada na experiência e na competência. Quem chefiava era seleccionado entre e . Porque tinham logrado atingir o topo da carreira pelo seu mérito e talento. Por isso, os Diretores de Serviço eram na sua autoridade, e por outro lado a proficuamente a sua ̃o.
e. Os quadros orgânicos estavam bem apetrechados, não havia carência em recursos humanos, e não ocorria a deserção para o sector privado. Os ́dicos eram respeitados na sua e indiscutível ̂nciasprofissionais, e decentemente remunerados, em função do estatuto hierárquico. Retribuíam em , ̧ão e fecundidade. Por outro lado, dispunham de recursos técnicos ajustados ao exercício proficiente da sua missão. Por estas razões, não existiam médicos tarefeiros uma das nódoas mais negras e vexatórias do SNS actual.
f. O(A) jovem interno(a), quando adquiria a na sua especialidade, estava , nos e no domínio da , exibia , sentia e ̧a no da sua missão, por isso não necessitava do recurso à medicina defensiva, cuidava de seleccionar judiciosamente os exames complementares que entendia pertinentes e receitava com rigor. Ou seja, evitava e recusava o desperdício, porque era e tinha tempo e condições para o exercício qualificado da medicina.
5. Um dia, a ̂ncia, a ̂ncia, a , a e a ̃oempresarial, e , as . Feriram de morte o , sustentou então ́nioArnaut. Subscrevo. Foi uma das principais razões do seu . Seria avisado que a tutela se debruçasse sobre o passado para projectar um futuro estruturado em bases sólidas e racionais. Porque remendos e remedeios, como vem sucedendo há vários anos, não resolvem a na saude. Por isso seria curial, em meu entender, que a tutela solicitasse à ́dicos, a entidade obviamente mais credenciada e abalizada para o efeito, um parecer sobre este tema. Uma questão de inteligencia e uma demonstração de competencia. .