29/11/2025
Obesidade: decisões informadas exigem conhecer riscos, benefícios e custos
Nas últimas semanas, voltaram a surgir relatos internacionais sobre efeitos adversos graves associados ao uso de alguns medicamentos para o tratamento da obesidade — incluindo casos raros de perda de visão relacionados com neuropatia óptica isquémica não arterítica (NAION).
➡️ Trata-se de um evento raro, mas irreversível, já reconhecido pelas agências reguladoras e incluído nas atualizações das bulas.
Este tema é importante não para criar alarmismo, mas para reforçar um princípio essencial na Medicina: toda decisão terapêutica deve ser informada, ponderada e individualizada.
💊 A terapêutica farmacológica tem o seu papel, especialmente como complemento multidisciplinar. Mas é fundamental recordar que:
tem de ser mantida por tempo indeterminado para preservar resultados;
tem um custo acumulado muito superior ao da cirurgia bariátrica a médio prazo;
pode apresentar efeitos secundários relevantes, graves — mas que existem e devem ser discutidos abertamente com cada doente.
🔪 A cirurgia bariátrica, por outro lado:
continua a ser o tratamento mais ef**az e duradouro para a obesidade grave;
é custo-efetiva a curto e médio prazo;
apresenta um perfil de segurança que, hoje, é comparável a procedimentos comuns como a colecistectomia.
👉 Não se trata de “fármacos vs. cirurgia”, mas de escolher o tratamento certo para a pessoa certa.
O importante é garantir informação rigorosa, acompanhamento especializado e decisões baseadas em evidência — e não em modas, pressões sociais ou expectativas irrealistas.
A obesidade é uma doença crónica, complexa e multifatorial. E merece ser tratada com a melhor ciência e total transparência.