02/11/2025
A criança que não recebeu amor dos pais cresce a carregar uma ausência que nenhuma idade apaga. É uma alma que aprendeu cedo a proteger-se, a engolir o choro, a fazer-se forte demais, mas, por dentro, ainda há um pequeno coração a pedir para ser visto.
Ela procura esse amor em olhares, gestos, promessas, acreditando que alguém finalmente a salvará da solidão. Mas todo amor vindo de fora é frágil quando o de dentro ainda sangra!
O vazio que ela tenta preencher não é falta de alguém, é falta de si. Porque o amor que cura não chega por acaso, ele é reaprendido quando a alma se volta para dentro e, com ternura, acolhe a própria dor. É quando o adulto se ajoelha diante da criança ferida e diz o que ela esperou a vida inteira ouvir: “Eu vejo-te. Tu és suficiente. Tu é digno de amor.”
A partir daí, algo sagrado acontece. O perdão instala-se, a carência transforma-se em compaixão e o medo dá lugar à presença. A dor deixa de ser ferida e torna-se portal, um caminho de volta para casa.
Essa casa não está nas pessoas, nos afetos nem nas conquistas. Está dentro. É o lar espiritual que sempre existiu, mas que só se revela quando paramos de procurar no outro o que só o coração pode oferecer.
Quem um dia foi negado de amor não foi esquecido por Deus, foi chamado para aprender o dom mais alto: ser o próprio colo, a própria cura, o próprio lar.
E quando isso acontece, o que antes era ferida vira luz. E o que antes era falta, torna-se força!