06/11/2025
Celebramos hoje 4 anos de Observatório de Violência Obstétrica (a contar da manifestação de 2021 no então movimento EuVivO). Podemos dizer que se conseguiu colocar o termo Violência Obstétrica na consciência da sociedade civil, tendo-se dado inicio a um processo que visa legislar esta forma de violência sobre a mulher. Mas nem tudo são conquistas. Infelizmente a VO mantém-se muito incompreendida, em especial por profissionais de saude que não a entendem como uma violência de género, sistémica e estrutural. O que quer isto dizer? Que quando estudamos a origem deste termo, que tanto desconforto causa e que especialmente a classe médica pretende substituir por “experiências negativas no parto”, compreendemos a sua ancestralidade. As suas raizes são as mesmas do nascimento da obstetricia como ciência e como pratica, fortalecidas depois com o capitalismo e o controlo dos corpos das mulheres, dos seus processos se***is e reprodutivos. Trocado por miudos, é uma mentalidade, um mindset. Um veneno da nossa sociedade moderna e contemporânea.
Por isso é que combate-la não é pensar apenas na relação de um para um, de profissional de saude para paciente, no exercício de poder do primeiro sobre o segundo. É ir à génese, à formação, à educação, com a mudança de todo um paradigma hegemónico, que se pretende humanizado e transdisciplinar. E o foco não pode sair daqui. Embora a degradação do SNS e a capitalização da saude privada deve ser abordada, defendendo profissionais de saude, o que importa são as mulheres que passaram ou são susceptíveis de passar por este evento traumático que deixa marca para sempre. Por isso deixar de ser voz destas mulheres é proibido.
✨foto .araujo.photography