27/11/2025
Se me perguntassem qual é, verdadeiramente, a parte mais difícil no labor genealógico, responderia, sem hesitar, que é a árdua tarefa de dar forma a um livro. Há algo de notavelmente complexo em principiar tudo numa folha em branco, na qual se pretende erguer, com rigor e sensibilidade, o retrato completo de todos os que compõem uma árvore genealógica, entrelaçando-lhes as vidas com o vasto pano de fundo da História de Portugal.
É necessário que cada detalhe se harmonize, que cada nome encontre o seu lugar exato, que cada página respire coerência, verdade e memória. Nada pode falhar; tudo deve assentar na precisão e, ao mesmo tempo, na humanidade que cada linhagem encerra.
Mas há uma dificuldade ainda mais subtil: entregar este “meu” bebé às suas famílias. Durante meses, faço parte daquele universo; caminho ao lado dos seus antepassados, leio-os, imagino-os, quase os escuto. Depois, chega o momento de os deixar partir, de deixar de os ler diariamente, de os ver viver apenas na minha imaginação…