10/11/2025
Nos últimos dias, muita gente me enviou notícias sobre o novo medicamento não hormonal para ondas de calor — o Elinzanetant.
Mas algo importante precisa ser dito: uma opção muito semelhante já existe e já está disponível em Portugal — o Fezolinetant (Veoza).
Ambos pertencem à mesma classe de moduladores neurovasomotores e têm como alvo a instabilidade do centro termorregulador no hipotálamo, que é o que causa os fogachos na menopausa.
O que muda?
O Veoza atua apenas no receptor NK3, enquanto o Elinzanetant age em NK1 + NK3.
Na prática, o resultado clínico é bastante parecido:
a redução dos episódios de fogachos foi levemente maior no novo medicamento — algo em torno de “meio fogacho” nas escalas de severidade.
Ou seja, em relação aos calores, uma diferença discreta entre os dois medicamentos, não uma revolução.
É quase como comparar Ozempic e Mounjaro: ambos funcionam muito bem, um tem uma performance um pouco melhor, mas os dois são excelentes opções e a escolha depende muito mais do perfil do paciente do que do “marketing da novidade”.
Sobre segurança:
O Fezolinetant exige monitorização das enzimas hepáticas, mas é importante deixar claro que o risco de alteração significativa é baixo, e o acompanhamento faz parte do uso responsável — como fazemos com qualquer terapêutica nova.
O Elinzanetant parece ter menos efeitos colaterais, mas por ser ainda mais recente, terá esse perfil de segurança estabelecido com o tempo.
No fim, a boa notícia é que temos alternativas não hormonais eficazes para mulheres que não querem ou não podem usar estrogénios, incluindo muitas pacientes com histórico de cancro da mama.
Mais opções significam mais individualização.
E isso sempre beneficia as mulheres.