18/02/2025
“Não podemos fazer as crianças aprenderem, mas podemos deixá-las aprender”.
Essa frase surpreendente está no livro “O jardineiro e o carpinteiro”, de Alison Gopnik.
Vamos entender? Toda a internet parece gritar que se os pais seguirem recomendações e usarem as “técnicas” certas, eles podem determinar o destino de seus filhos. Isso envolve estudos, vídeos, manuais, além de atividades extracurriculares para acelerar o aprendizado, para “formar” um adulto “bem-sucedido”.
Numa cultura obcecada por resultados, criar filhos tornou-se um trabalho sob alta pressão, onde nosso papel pode ser excessivo e controlador. Mas a autora mostra que, principalmente nos primeiros anos de vida, basta garantir um ambiente seguro, estável, estimulante e acolhedor para que a criança tenha a chance de imaginar e aprender, e assim desenvolver seu pleno potencial. Elas são aprendizes natas: curiosas, observadoras, sempre processando informações, criando soluções. “Essa liberdade para criar a partir da experiência e das brincadeiras é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Foi isso que levou nossa espécie adiante”, diz Alison.
A cultura da parentalidade nos empurra a sermos “carpinteiros”: compramos ferramentas para moldar o filho à imagem de um resultado que nós projetamos - e que pode não ter nada a ver com ele/ela. Pressionados a atingir nossos objetivos, não os aceitamos como são, e os forçamos a serem quem não são - o que pode ser perigoso.
Em vez disso, você pode ser uma “jardineira”: que observa a planta, cria o ambiente propício para seu crescimento, retira ervas daninhas, põe um adubo aqui, faz uma poda ali. Mas deixa que a planta cresça como é, que floresça pela sua própria potência de vida.
O melhor dessa postura é a leveza que ela oferece. Não é só você que vai determinar o futuro do seu filho. O que você faz é importante, claro, mas são muitas as influências que ele terá ao longo da vida, inclusive a herança genética, a cultura, a escola e muito mais. Nosso papel pode ser mais simples e tranquilo: prover um ambiente de estímulos adequado e, sobretudo, de afeto, respeito, aceitação e acolhimento.
E na sua família, é mais jardinagem ou carpintaria?