02/10/2025
O lado sombrio dos jogos e das bets
Eles são apresentados como uma forma rápida e divertida de ganhar dinheiro, mas, na prática, podem trazer sérios riscos para quem os joga. Imagens coloridas, sons chamativos e aparência inocente, pode até parecer inofensivo nos primeiros cliques, mas a combinação de fácil acessibilidade o poder do estímulo psicológico e ausência de controle tornam-se gatilhos poderosos para levar a uma armadilha perigosa e muitas vezes destrutiva. Nos últimos anos migraram para a palma da mão fazendo parte da vida de milhões de brasileiros.
Projetados para manter a pessoa jogando o maior tempo possível, em cada rodada existe a sensação de “quase ganhar” o que leva a pessoa a tentar e tentar de novo. Inicia-se então um ciclo viciante: a pessoa perde, f**a frustrada e aposta novamente no intuito de recuperar e se livrar da frustração.
O ciclo da frustração no jogo do azar se estrutura em fases que se retroalimentam criando uma alternância de compulsão e sofrimento. Da expectativa e euforia inicial passa para as consequências psicológicas como ansiedade: irritabilidade, insônia, baixa autoestima; financeiras: dívidas, prejuízos acumulados; sociais: conflitos familiares, isolamento, perda de confiança.
Por outro lado a sensação de controle dada por estes jogos criam a ilusão e esperança de ganhar. É a ciência do vício.
As recompensas através de pequenas vitórias dão a sensação de que se está perto dos grandes prêmios o que leva o jogador a apostas sem fim. É uma verdadeira montanha russa emocional. Vontade de jogar, certeza de ganhar, frustração por perder, impulso em tentar novamente.
O vício em apostas é um comportamento que segue o padrão semelhante aos vícios de dr**as e álcool, está ligado a um desequilíbrio nos sistemas de recompensa do cérebro (particularmente a Dopamina). O constante estresse das perdas, do arrependimento e a sensação de falta de controle podem levar a quadros de Depressão e Ansiedade severas, causando danos em todos os aspectos da sua qualidade de vida. O impacto na saúde mental em casos mais graves se enquadra no “Transtorno do Jogo” reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como problema grave de saúde mental.
O Brasil é o terceiro maior mercado global de apostas esportivas. Os brasileiros gastaram entre Julho de 2023 a Junho de 2024 C$ 54 bilhões em apostas online.
Dados do Banco Central sugerem que brasileiros movimentaram entre C$ 18 a C$ 21 bilhões por mês em apostas via pix nos primeiros meses de 2024.
A prevenção sobre os riscos desses jogos para a sociedade passa por vários estágios como o da educação, orientação e pela regulamentação. Porem, dificuldades de regulamentação desses jogos no Brasil são complexas. Parte da legislação busca regularizar as apostas esportivas, mas as lojas de apostas virtuais seguem sem transparência e sem a devida orientação sobre os riscos para a população.
Cabe a família, a escola, profissionais da área da saúde, meios de comunicação e autoridades alertar para os danos desses vícios e abrir espaço para a discussão de maneira preventiva e ou atuando através de tratamentos específicos. Não se trata de moralismo, mas de prevenir danos em todas as áreas da vida dos individuo e das consequências para a família e sociedade.
A ajuda se faz urgente e necessária passando pela atenção da família, busca de ajuda Psicológica e Psiquiátrica. Grupos de apoio como CVV (Centro de Valorização da Vida) e outros atuam voluntariamente para ajuda, nesses casos.
Desconfie de ofertas de dinheiro fácil; procure entretenimento que não envolva dinheiro; e em caso de perda do controle procure ajuda especializada em dependências de jogos.
Se você conhece alguém que está passando por isso, ofereça apoio e ajude-o a buscar ajuda profissional adequada.
Maria do Sacramento Tanganelli
Mestre e Doutora em Psicologia
Telefone / Whatsapp (19) 3462-1381