25/11/2021
Comecei a ler um novo livro e achei linda a forma como Roberto usa para descrever o que acontece no espaço psicoterapêutico. Trouxe um trechinho para compartilhar:
"A sua matéria pensante não pode fluir em você, porque você está sofrendo (..)
O meu ofício é recebê-la e fazê-la circular dentro de mim - com um método. No método junguiano amplifico o material, faço comparações, tento compreender os símbolos em toda a sua variedade (...)
Essas coisas todas eu faço.
Então, eu circulo aquela matéria pensante para a qual você não tem uso no momento, você não sabe o que fazer com aquilo (...). Então, eu a deixo percorrer meus circuitos mentais adequados aquela situação e devolvo a você.
Isso ninguém pode fazer sozinho, precisa-se de um Outro. Porque não posso destacar de mim essa matéria, depositá-la no vácuo e esperar que retorne arejada e transformada.
O que seria o vácuo capaz de fazer com ela?
Tudo que posso fazer sozinho é colocá-la no papel, registrá-la, guardá-la para que, quando estiver num outro estado, eu consiga oficiar minha própria matéria psíquica - o que aliás é outro dos alvos da terapia: que um dia alguém não precise mais do analista. Você agora sabe colocar-se na posição do oficiante. Esse é o alvo. Aí terminou a análise, você continua sozinho."