29/10/2012
Rir NÃO é o melhor remédio!
“Rir não é o melhor remédio. A amizade é o melhor remédio”, diz o médico norte-americano – e palhaço – Patch Adams, famoso por sua conduta excessivamente feliz e apaixonada pelos pacientes. "É a coisa mais importante na vida. É nossas relações com quem amamos. Humor é contexto".
Contudo, rir é considerado remédio na medida em que substâncias químicas liberadas com uma boa gargalhada agem como um analgésico natural, reduzindo a dor. Isso se dá por conta do esvaziamento dos pulmões, liberando endorfina, o hormônio responsável pelo prazer e bem-estar. Por isso, pessoas que riem enfrentam melhor seus traumas e dificuldades. A pessoa que vive mal-humorada, impaciente, irritada, rígida ou autoritária não sente prazer, trazendo consequências muito negativas para a vida dela, podendo até entrar em quadros depressivos. Não só isso, tal tensão propicia uma descarga muito maior de adrenalina e conseqüentemente uma pré-disposição maior para acidentes vasculares como os infartos, anginas, derrames e tumores cancerígenos.
Mas é possível aprender a sorrir. Existem terapias que ensinam a rir. É uma questão de treino. É possível introduzir esse hábito de rir, procurando formas de sentir prazer, encontrando aquilo que for realmente trazer a felicidade para si.
Segundo o médico Eduardo Lambert, autor do livro Terapia do Riso, “O riso é um grande estimulador, suficiente para mandar uma ordem para o seu cérebro, a nível do hipotálamo, e sintetizar as endorfinas, mais precisamente as beta-endorfinas, que são substâncias analgésicas similares às morfinas, mas com potência analgésica cem vezes maior. Estas substâncias são produzidas nas situações de riso, gargalhadas, alegria ou em toda a situação que te dá um certo bom humor”. Pesquisas mostram que Hospitais nos Estados Unidos, que empregam a terapia do riso, observam que a melhora é mais rápida e o tempo de internação é menor.
Outras terapias que ativam as endorfinas, como a terapia homeopata, a terapia floral e a medicina ortomolecular, resultam em melhoras muito mais rápidas. Entretanto, a medicina ortomolecular e a terapia floral não são reconhecidas como especialidades pelo CFM - Conselho Federal de Medicina – por serem destituídas de comprovação científ**as suficientes.
O riso não somente traz consequências benéf**as ao nosso organismo. Ele também possui uma função social. A função da comunicação. É uma mensagem que nós enviamos às outras pessoas comunicando disposição para brincar, ligar-se a elas, f**armos felizes e fazê-las felizes, mostrarmos que somos pacíficos.
Somos criaturas que necessitamos criar estruturas sociais e viver bem, então nós precisamos ter relações pacíf**as com as pessoas ao nosso redor. O riso promove efeitos positivos em nossos contatos sociais. Preconceitos e hierarquias são deixados de lado num ambiente alegre. É através do bom humor que violências são evitadas, estresses são apaziguados e conflitos são mediados. Em um ambiente descontraído as pessoas se sentem mais confiantes em opinar, em expor suas ideias e inquietações. É o conceito da inteligência emocional, que descreve a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles. Ela é a maior responsável pelo sucesso ou fracasso das pessoas.
Como pode-se notar, rir está ligado ao bom-humor, que está ligado tanto à boa saúde orgânica como social, numa cadeia de ação e reação contínua. E todo esse processo pode ser praticado pelo exercício da vontade. Como disse William James: “a ação parece seguir o sentimento, mas na realidade ação e sentimento caminham juntos, e, regulando a ação, que se encontra sob o controle mais direto da vontade, podemos utilizá-la para modular indiretamente o sentimento, que não se encontra”.
Pra finalizar, uma frase do Dr. Patch Adams: "Rir é um modo para uma comunidade humana saudável integrar-se para não haver violência, para um cuidar do outro. Onde quer que esteja, pode escolher ser um cidadão que traz alegria à sociedade".
Por Marcelo Oliveira, Formando em Psicologia (UFS)