03/12/2025
A Força Que Persiste em Te Definir
"O desejo do homem é o desejo do Outro."
— Jacques Lacan
Esta frase do psicanalista Jacques Lacan condensa a dinâmica de um poder externo e formativo que atua sobre nós.
Muitas vezes, sem perceber, nossa identidade e nosso caminho são configurados por imperativos invisíveis: a expectativa familiar, os rótulos sociais ("egoísta", "incapaz"), a culpa projetada e até regras imaginárias que internalizamos. Essas forças usam ferramentas concretas — o poder financeiro, a crítica sistemática, os laços de sangue — para nos encaixar em um molde pré-definido.
O mais crucial é entender que essa força é monumental e não recua. Ela persiste, atravessando fases da vida: segue conosco ao sair de casa, se reinventa em relacionamentos e pode nos condenar a dinâmicas de dependência ou rejeição. Confrontá-la é desencadear sua fúria: ela retaliará com culpa, provocação e uma tentativa sutil de destruição. Essa luta invisível é fonte de grande sofrimento, podendo levar à depressão pelo conformismo, à loucura por culpa ou a compulsões como compensação.
A saída, portanto, não é uma batalha para eliminá-la — algo muitas vezes impossível —, mas um processo de discernimento e fortalecimento. É internalizar um não definitivo: "Não aceito sua definição ao meu respeito! Não tente me definir para sua conveniência".
Confrontar isso se faz por um trabalho terapêutico de identif**ar esses "fantasmas" formativos, compreender seu mecanismo e, principalmente, aprender a coexistir com sua presença sem permitir que governem ou adoeçam a alma. A vitória está em deixar de ser uma marionete, sem ilusão de que o manipulador — muitas vezes alguém que se ama — algum dia deixará de puxar os fios.
Você já sentiu esta força formadora vindo de algum elemento persistente da sua vida? Você sucumbiu a ela ou reagiu?