28/01/2019
MEDO
O medo é um dos afetos mais primitivos e inseparáveis da nossa construção subjetiva. Seja desde os primórdios, do homem pré-histórico, sendo um elemento fundamental na nossa sobrevivência, seja no medo em nossa sociedade atual. Medo este, o da sociedade atual, um afeto já derivativo de uma constante invasão tecnológica, uma constante exposição digital; ou, até mesmo o medo de “nunca estar à altura” das demandas da nossa forma social. Como por exemplo: Não ser tão bem-sucedido financeiramente, não ter o “corpo perfeito”, não “maximizar o cérebro” para os estudos, etc. O medo, na nossa contemporaneidade, é um medo que gera insatisfações permanentes, pautado e ancorado nesse grande ideal coletivo do corpo e da mente da “alta performance a todo momento”.
Baruch de Espinoza (1632-1677), grande pensador holandês, nos traz uma grande ponderação acerca deste afeto tão indispensável. Ele o faz comparando o medo a um outro afeto fundamental da vida social, a esperança.
Para Espinoza, medo e esperança são faces de uma mesma moeda. O que os conecta é o conceito de temporalidade. O medo, em suma, nada mais é do que a expectativa (categoria temporal) de que um mal ocorra. A esperança, por sua vez, é a expectativa de que um bem ocorra.
Uma das características de um processo de escuta analítico, é tentar deslocar o afeto do medo (muitas vezes decorrente de estados depressivos, ansiosos, Síndromes do pânico, etc) em sentido à esperança.
Não se trata de negar o medo, quanto afeto demasiadamente humano, muito menos de tentar erradicá-lo da vida psíquica. Trata-se de estilizar (dar estilo) ao sintoma rumo a uma criação. A uma existência que contemple o medo, sem fazer dele seu único refúgio.
Rafael Bueno Psicologia
Psicologia e Psicanálise
(19) 98145-5404