04/10/2022
Com crianças, o jogo, o desenho e a encenação têm lugar. Ela fala, joga, desenha. Algumas vezes faz um, outras joga e fala ou desenha e fala, ou até encena em silêncio.
Os pais se surpreendem, pois, não entendem como seus filhos tão pequenos têm o que dizer, e acreditem: eles falam! Contam sobre o que lhes acontecem, falam sobre os desejos que têm, sobre as angústias que sentem, sobre seus medos, seus sonhos com bruxas e monstros, enfim, sobre o que seus pais disseram e fizeram.
Através dos desenhos representam o que está em seu psíquico e os convidamos a falar sobre sua produção. Com eles, nos indicam como está o entendimento delas em relação a seu meio: sua família, escola, amigos, irmãos, e, também, mostram como respondem em relação ao que o outro quer deles.
O mais importante de tudo isso é que todos os jogos têm suas regras, que determinam o que pode ou não ser feito, e isso nos dá a oportunidade de mostrar para a criança que vivemos em uma sociedade, que também têm leis e é muito importante que nós as respeitemos. E não são raras às vezes em que nos deparamos com que essas crianças não estão tendo em casa o estabelecimento das regras e dos limites. Pois, seus pais não conseguem transmiti-los, por não se autorizarem a ocupar o lugar de autoridade.
Com a encenação de uma brincadeira, a criança coloca no simbólico um real que é muitas vezes ameaçador ou que trouxe sofrimento, e quando finalmente consegue colocar em palavras, sentirá alívio e não precisará mais adoecer.
Concluindo, em análise, as crianças podem falar e mostrar o que elas entenderam em relação aos desejos de seus pais e, através das encenações, dos desenhos e dos jogos, podem elaborar algo que não fez bem para elas. Aprendem que nem tudo pode ser feito ou realizado da forma como elas querem e que isso é uma condição para todo ser humano!
Texto pela Psicanalista: Andreneide Dantas