16/07/2023
Aconselha Santo Tomás, deve-se reter na memória, sicut cupiens vas implere. Mas, como nossa capacidade é limitada, hemos de conservar sobretudo as idéias mestras. Ordená-las, para melhor as fixar sem baralhamento caótico. A ordem repulsa, por si só, todo o inútil. O inútil, nota Sertillanges, que encontra lugar no caos, não o encontra numa organização.
No "De memoria et reminiscentia", o Doutor Angélico dá quatro regras para memorização: ordenar o material, aplicar-lhe profundamente o espírito, meditá-lo frequentemente, tomar a cadeia das associações, quando o queremos revocar à mente.
A memória progride, com o exercício e a educação, nos três característicos que, segundo Viliaplana, a distinguem: facilidade de aquisição, tenacidade na retenção, presteza na reprodução.
Ela é, entanto, dizia Gratry, a faculdade que esquece. Donde a necessidade das notas, para socorro da sua fraqueza. É a "memória de papel" de que falava Montaigne, indispensável, contudo. Aqui, como nas leituras, e porventura mais do que nas leituras, evitar o excesso e a pretensão de anotar tudo. Fazê-lo, ademais, em sentido pessoal. Já deve haver um indício de assimilação individual, na passagem do livro lido para o registo do pensamento que nos impressionou.
Dom Antônio Alves de Siqueira (Arcebispo de Campinas), Filosofia da educação, 1948, p. 381.