25/11/2020
Você não é sua dor -
Existe uma diferença importante entre nocicepção e dor.
A nocicepção está relacionada à ativação dos nociceptores, por estímulo mecânico, térmico ou químico.
A informação nociceptiva é transmitida por fibras tipo C ou A delta até a medula, onde faz sinapse, e então sobe para os centros superiores pelo trato espinotalâmico lateral, espinoreticular ou espinoparabraquial.
Do tálamo, essa informação é enviada para:
córtex somatosensorial (que processa o aspecto sensório-discriminativo da dor)
córtex insular (relacionado aos aspectos emocionais).
Somente quando chega ao córtex, sendo processada, é que a informação nociceptiva pode ser chamada de dor.
Dor é uma interpretação, que ocorre no sistema nervoso central. É um conceito, formado na mente, a partir das experiências passadas (e das predições para o futuro).
Sendo uma interpretação, pode existir mesmo na ausência de nocicepção (especialmente em situações de sensibilização central).
Ao tratar a dor, devemos assim considerar duas abordagens, complementares:
periférica: em que tratamos as disfunções (quando presentes) que podem estar gerando nocicepção;
central: em que abordamos aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais e sociais, que podem estar contribuindo para a percepção da dor.
A dor é, portanto, um fenômeno complexo, construída a partir de interações não lineares entre elementos periféricos e centrais.
Aprender a olhar para essas interações é chave para compreendê-la, e tratá-la.
Texto: Cristiano Guimarães
Dra. Ana Paula Kelly - Fisioterapeuta
Crefito 2 : 143297 F