27/08/2020
Nós, brasileiros, bauruenses no meio, podemos reescrever a História?
Visionários como Barão de Mauá e Amaral Gurgel deixaram sementes para a atual geração de brasileiros
Analistas do mercado financeiro acreditam que, em breve, o valor de mercado da Apple atingirá 2 trilhões de dólares (algo em torno de 10 trilhões de reais). Em outras palavras, uma única empresa norte americana movimentará mais dinheiro do que 220 milhões de brasileiros.
Se fizermos uma comparação com a Argentina, o resultado é mais assustador. “Los Hermanos” têm um Produto Interno Bruto (PIB) de 520 bilhões de dólares; brasileiros, 1,84 trilhão.
Um leitor inteligente dirá: uma empresa privada pode falir; um país, não.
Dá sentido. Mesmo assim, questionamos: como chegamos nesse ponto?
De acordo com a História, o empreendedor privado Irineu Evangelista Souza (1813-1889), o Barão de Mauá, lutou praticamente sozinho em seus projetos visionários; um deles, o Banco do Brasil. Na história recente, Amaral Gurgel (1928-2009), não encontrou apoio prático para desenvolver – e aprimorar - um carro genuinamente nacional.
Ainda bem que o bauruense Ozires Silva teve mais sorte com a Embraer, em 1969.
Essa questão vem à tona no momento em que o ministro Paulo Guedes ratifica o objetivo de reestruturar o estado brasileiro. Por enquanto, ele propõe a unificação de impostos. É pouco. O Cofins, por exemplo, tem que ser extinto, e não incorporado aos custos de produção.
Os militares, em 1966, criaram, o FGTS. A dinâmica da história mostrou que o melhor caminho está no Fundo Nacional da Habitação. Há outros exemplos. Neles, o estado por meio de agências se antecipa às demandas sociais usando a Caixa Econômica Federal como meio físico.
Sem dúvida, o maior erro está no Caixa Único dos governos federal, estadual e municipal. Essa estrutura engessa as câmaras setoriais, e por extensão toda a cadeia produtiva de um produto ou serviço. Na região de Bauru, por exemplo, há frequência na apreensão de ci****os oriundos do Paraguai. Se a Câmara Setorial da Indústria Tabagista funcionasse a contento, seus gestores se colocariam no lugar dos brasileiros fumantes, e consequentemente encontrariam uma solução na equiparação de preços.
No Estado de São Paulo, temos o flagelo do ICMS. Esse imposto, pelo formato atual, impede o desenvolvimento do povo paulista. Já em Bauru, temos um imposto chamado IPTU que liga nada a lugar nenhum; ou seja, somatiza-se o caixa único ao invés de fomentar um fundo de investimentos.
Para finalizar, a possibilidade de expansão da Apple é real em tempos de pandemia. Já o PIB brasileiro .... Insistimos em exportar soja com máquinas desenvolvidas em outros países.
Silvio Rodrigues, 55 anos de idade, é jornalista baruense.
Legendas: Garagem onde começou a Apple, apreensão de ci****os que seria evitada com a Câmara Setorial da Indústria Tabagista, sede atual da Gurgel totalmente abandonada, carro da Tesla que poderia ter sido desenvolvido pela Gurgel. Fotos: internet/reprodução.