09/09/2020
A função reprodutiva humana depende de complexas interações entre o sistema nervoso central (SNC), hipófise, ovários, outras estruturas endócrinas e órgãos reprodutivos. Para que ocorra ciclicidade menstrual, é necessário que haja uma função ovulatória regular, o que depende, além da integridade anatômica das diversas estruturas do eixo reprodutivo, de uma sincronia entre suas ações.
A função cíclica ovariana pode ser facilmente perturbada por um estresse emocional, levando à interrupção temporária das menstruações. Sabe-se, por exemplo, que o desejo obsessivo de engravidar pode desencadear amenorréia temporária, dificultando, ainda mais, a concepção. Entretanto, é importante considerar as diferenças individuais na resposta a um determinado evento estressor, conforme discutido anteriormente.
Existem vários sistemas regulatórios, que operam por meio de conexões nervosas, neurotransmissores e hormônios, que influenciam os mecanismos reprodutivos. Pesquisas destacam que os agentes estressores reduzem a fertilidade pelas influências que causam nos mecanismos que regulam os eventos da fase folicular do ciclo menstrual.
A ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal induzida pelo estresse, reduziria a pulsatilidade do GnRH, privando o folículo ovariano de adequado suporte de gonadotrofinas e resultando em anovulação.
No momento do crescimento folicular, o oócito mantém contato direto com as células da granulosa, através da zona pelúcida. Assim, os eventos que influenciam a integridade da função folicular podem ter efeitos diretos na viabilidade do oócito. Conseqüentemente, algum evento que venha alterar a atividade das células da granulosa pode também influenciar as taxas de gravidez.
Nesse sentido, diferentes mecanismos biológicos relacionados ou desencadeados pelo estresse podem alterar a função reprodutiva a ponto de causar redução da fertilidade. No entanto, é extremamente difícil estabelecer relações de causa-efeito, posto que as causas de infertilidade são múltiplas e não envolvem apenas fatores ligados à fisiologia feminina mas, também, causas masculinas de infertilidade.