11/10/2025
O cerne da teoria do narcisismo: entender o que seria o narcisismo “saudável”.
A resposta é:
O saudável não é eliminar o narcisismo, mas integrá-lo — transformar o narcisismo primário e secundário em um narcisismo estruturado e maduro.
Vamos por partes 👇
🪞 1. Todo ser humano precisa de narcisismo
Freud diz:
“O narcisismo é a base sobre a qual se ergue o amor próprio.”
Ou seja, sem narcisismo, não há Eu.
É o que dá coesão, identidade, autoestima, vontade de viver e de se relacionar.
👉 O problema não é ter narcisismo, mas ficar fixado em uma de suas formas imaturas — seja o primário (onipotente, infantil) ou o secundário (defensivo, ferido, egocentrado).
🌱 2. Narcisismo primário — fusão e onipotência
No bebê, o narcisismo primário é natural: ele se sente o centro do mundo.
Mas se a mãe não espelha e depois frustra adequadamente, o sujeito cresce acreditando que o outro existe apenas para servi-lo.
👉 Quando o adulto mantém esse padrão, temos traços de personalidade narcisista patológica:
Precisa dominar;
Não suporta frustrações;
Se alimenta da admiração dos outros.
💔 3. Narcisismo secundário — defesa e fechamento
O narcisismo secundário aparece quando o sujeito é ferido, rejeitado ou humilhado.
Ele recolhe o amor que dava ao outro e se fecha, tentando se bastar.
👉 Esse é o caso de Helena Roitman: a ferida é tão grande que o amor se transforma em defesa, não em energia vital.
Ela não se ama, se protege.
🌷 4. Narcisismo maduro — integração simbólica
O que seria então o narcisismo saudável?
Freud e Winnicott chamam de narcisismo maduro: quando o sujeito consegue amar e ser amado sem perder o senso de si.
É quando a pessoa:
Reconhece o próprio valor, sem precisar se inflar;
Consegue admirar o outro sem inveja ou submissão;
Tolera frustrações e rejeições sem colapsar;
Sustenta um “Eu” coeso, mas permeável — aberto à alteridade.
👉 Isso ocorre quando o sujeito passa pelo Édipo simbólico, aceita a castração (a falta) e reconhece que ninguém é tudo para o outro.