25/09/2025
Se, para o desenvolvimento do corpo, precisamos inicialmente habitar a casa/corpo de outro ser, também para o desenvolvimento psíquico precisamos de uma mente capaz de nos acolher.
Ao ler a citação de Isaías Kirschbaum, lembrei-me do belíssimo artigo de Maria Bernadete Assis: “Hospitalidade à luz da teoria das transformações de Bion”. Nele, a autora (e também minha querida supervisora) amplia essa ideia ao falar da hospitalidade analítica: para além de acolher e nomear as angústias, o analista se torna disponível para viver uma experiência emocional em uníssono com o paciente.
É desse encontro — de duas mentes que se deixam habitar — que podem nascer novas condições emocionais, abrindo espaço para que a vida psíquica se expanda. Como uma casa que se abre ao hóspede, ou como um ventre que guarda o germe da vida, a hospitalidade analítica pode oferecer abrigo ao que ainda não tem forma, até que possa nascer em palavra, sonho ou emoção.