12/01/2019
Quando nos deparamos com pessoas que evidenciam persecutoriedade, o excesso de “certezas” de que tudo conspira contra si, de que tudo o que acontece parece ser direcionado contra ela, podemos estar lidando com um caso dentro da Estrutura Psíquica da Psicose.
O QUE É A PARANÓIA QUERELANTE?
O tema central desse delírio envolve a crença de estar sendo vítima de conspiração, traição, espionagem, perseguição, envenenamento ou intoxicação com dr**as, estar sendo alvo de comentários maldosos, de assédio ou está sendo impedido na sua busca de objetivos a longo prazo. O foco desse delírio frequentemente se concentra em algum injustiça que deve ser remediada por ação legal ("paranoia querelante"), podendo a pessoa afetada envolver-se em repetidas tentativas de obter satisfação, apelando até mesmo a agências governamentais. Os indivíduos com delírio persecutório com frequência sentem ressentimento e raiva, podendo recorrer à violência contra aqueles que o estão supostamente prejudicando.
Delírios persecutórios se caracterizam por uma crença do sujeito de estar sendo vítima de perseguição, conspiração. O sujeito acredita e possui explicações coerentes para o fato de que há alguém conspirando para seu mal. Definição – DSM IV-TR Segundo o DSM-IV, o delírio é persecutório quando seu tema central envolve a crença de que o sujeito é objeto de uma conspiração, podendo estar relacionada com fraude, espionagem, perseguição, envenenamento, calúnia, assédio ou obstrução nos seus objetivos a longo prazo. Para sustentar o delírio, o sujeito pode transformar pequenos acontecimentos foco do delírio, de maneira exagerada. Há um enfoque, frequentemente, em uma injustiça que, por vezes, pode ser remediada através de uma ação judicial. Os sujeitos com delírios persecutórios podem ter muito ressentimento e raiva, possivelmente recorrendo à violência contra aqueles que, para eles, os prejudicam.
CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE
No caso do delírio persecutório, a contradição se encontra no “eu amo”, que se transforma em “eu odeio”. Pode, ainda, sofrer outras transformações, tais como “ele me odeia e me persegue, o que me dá o direito de odiá-lo”. A partir disso (“eu amo” se transforma em “eu odeio”), o delírio se sustenta por meio do mecanismo da projeção: os sentimentos passam a ser percebidos externamente e de maneira oposta – o sujeito acha que o outro o odeia. “Nos delírios persecutórios, diz Freud, a pessoa à qual é atribuída tão grande poder e influência, para qual convergem todos os elos de conspiração, é sempre aquela mesma que teve igual importância para a vida sentimental do doente antes da enfermidade” (CROMBERG, 2002).
INDICAÇÃO DE FILME
O filme “O mistério das duas irmãs”, conta a história de Anna, uma jovem que após a morte da mãe é internada em um hospital psiquiátrico. Anna tem delírios não bizarros, a fantasia criada por Anna seria de que o sentimento de “Eu o amo” seria negado e invertido para “Eu o odeio”. Este sentimento é, posteriormente, transformado, através da projeção, em “Não sou eu quem o odeia. Ele é que odeia a mim." A formação reativa é então compreendida como o "Eu o amo" se transforma em "Ele odeia a mim, por isso me persegue." Mesmo com o impacto dos seus delírios, seu comportamento não é visivelmente esquisito ou bizarro, assim como não há embotamento afetivo. As perturbações de Anna não se devem a efeitos fisiológicos de uma substância, por exemplo, uma droga. Anna satisfaz os critérios A, C e E para o transtorno delirante. Devido ao tipo de deliro de que o indivíduo (ou alguém próximo) está sendo tratado de forma maldosa, é satisfeito o critério para transtorno delirante do tipo persecutório.
Referências:
Cromberg, Renata Udler (2002). Paranóis - Clínica Psicanalítica.
www.psiquiatria.net.br/aulas/Transtorno_Delirante.pps