15/07/2019
Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamos que somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia, abrir as asas e voar...
“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia e o colocou no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha. Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.
Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
– Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
– De fato, disse o homem. É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.
– Não, retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova.
O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos e pulou para junto delas.
O camponês comentou: eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não, tornou a insistir o naturalista.
– Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa e sussurrou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe. Você possuirá sempre um coração de águia. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas. O naturalista continuou:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe !
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou.
Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas. Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto. Voou e nunca mais retornou.”