04/12/2025
Em sessão, alguém disse algo que parecia simples… mas vinha carregado de anos de cansaço:
“Eu tô exausta de ter que me adaptar o tempo todo ao jeito dos outros.”
Ficamos em um breve silêncio, onde ela sentiu, respirou e continuou.
E eu pude perceber que ela não falava só de rotina.
Falava de engolir opiniões.
De medir palavras.
De não conseguir ser tão assertiva quanto gostaria.
De sentir que, se for honesta demais, pode perder espaço, afeto, oportunidade.
Naquele momento, em uma breve leitura clínica percebi, que assim, a vida vira um palco.O sorriso vira proteção.
A simpatia vira armadura.A adaptação vira regra.
Por fora, tudo parece leve.
Por dentro, o corpo começa a cobrar.
Cansaço que não passa.
Aperto no peito sem motivo claro.
Irritação consigo mesma.
Vontade constante de desaparecer um pouco.
Até que ela disse:
“Às vezes, tudo o que eu quero é ficar sozinha, em silêncio…porque é só ali que eu consigo ser eu.”
E essa frase não fala de isolamento.
Fala de sobrevivência emocional.
Quando a pessoa sente que só pode ser ela mesma longe do mundo, algo dentro dela aprendeu que existir do jeito que é… não é seguro.
O que nasce no consultório não nasce pronto.
Nasce frágil.
Mas nasce verdadeiro. E o que nasce verdadeiro, não precisa ser forte no início.
Precisa apenas de espaço.
De escuta.
De tempo para ganhar contorno, segurança e sentido.
No consultório, ninguém chega pronto.
Chega possível.
E é nessa possibilidade, ainda frágil, ainda em construção que a transformação começa a se sustentar.
O processo terapêutico é incrível, potente e transformador demais!
Faz bem fazer terapia 😉