09/04/2021
🚫 Em momentos de grandes desastres ambientais, catástrofes, guerras, disseminação de doenças, em momentos onde vivemos o descontrole, a morte e a perda da liberdade estamos vivendo o que chamamos, na psicanálise lacaniana, de um período de não-sentido. Isso quer dizer que, para o nosso consciente, não conseguimos racionalizar e compreender a realidade do mundo.
👩🔬 Somos seres de linguagem, seres que aprenderam a dominar a natureza buscando, através da ciência e do controle, modificar as condições ambientais e naturais, não só do ambiente, mas de nossa própria natureza como seres mortais.
🧑🔬 Através desse controle fomos diminuindo as distâncias (rodovias, telefones, internet...) e aumentando nossa expectativa de vida (vacinas, soros, estudos, tratamentos...), além de também modificar a nós mesmos, retardando a aparência da idade (cirurgias plásticas, botox, rejuvenescimento facial, harmonização facial, ...).
👥 O que quero dizer é: fomos nos adaptando para controlar cada vez mais nossas próprias histórias e vidas. Podemos observar que, junto dessas mudanças, foi também surgindo o aumento da expectativa e a diminuição da espera: internet funciona em segundos, séries de TV são lançadas com todos os episódios juntos, os aplicativos de entrega possuem rastreio em tempo real, etc.
🤯 Dessa maneira o controle pela situação é cada vez mais uma expectativa. Porém a realidade não nos garante essa completude. Ter o controle remoto de toda a sua casa não promete que você não vá ter um curto-circuito. Imprevistos acontecem e sempre vão acontecer, pois a natureza nos mostra que ela é imprevisível e indomável. E como fazer quando sentimos em nossa própria pele essa limitação?
🔜 Os efeitos psicológicos pós pandemia só serão vividos a posteriore. As consequências da falta de controle e do encontro direto com aquilo que não podemos dar um sentido racional e lógico, pois afeta diretamente nossas emoções, só poderá ser observado após as situações, ganhando ou não caráter traumático e ameaçador.
Larissa Guedes
CRP 01/21767