15/09/2020
O QUE É MAIS IMPORTANTE PARA O PACIENTE IDOSO ?
"Idosos costumam conviver com doenças crônicas e, desde que estejam sob controle, sua qualidade de vida se estabiliza. Isso faz toda a diferença, porque os leva a ter outra percepção da sua situação. Em pesquisa realizada na Holanda com 650 idosos, dois terços responderam que seu estado de saúde era bom ou muito bom. Ou seja, eles aproveitavam a vida e não se viam como doentes. O renomado geriatra britânico Ian Philip afirma que os mais velhos têm três prioridades: manejo da dor, companhia e ajuda financeira, nesta ordem. Isso mostra que os prestadores de serviços na área da saúde podem estar deixando escapar um ponto relevante: com razão, querem investigar tudo o que está de errado com o paciente, em busca do que eu chamaria de “estado da saúde total”, mas acabam não levando em conta o que importa para o indivíduo. O paciente tem que poder opinar sobre o tratamento; o prestador de serviços tem que estar aberto a ouvir as solicitações.
Quando o sistema colocar o indivíduo no centro das atenções, teremos um grande salto de qualidade. Isso signif**a, em primeiro lugar, acesso fácil para atendimento de baixa complexidade. Principalmente no caso de doenças crônicas sob controle, um ambulatório de boa qualidade vai resolver boa parte dos problemas. Para focar no bem-estar e na prevenção, temos que mudar o jeito de pensar: a saúde deve ser um esforço compartilhado, no qual o idoso tem que ter papel ativo e os bons resultados alcançados merecem ser recompensados, para criar um círculo virtuoso.
Lidar com doenças vai ser o dia a dia da maioria dos mais velhos. Só os de risco mais alto precisarão ser hospitalizados, até porque a chance de infecções também aumenta neste ambiente – estar em casa é muito mais aconchegante e contém a ansiedade. Se idosos são mais suscetíveis a infecções e a quedas, essa é outra frente de ação. Imunizações contra gripe, pneumonia e herpes zoster levariam a uma diminuição no número de internações, assim como programas de prevenção a quedas.
Em Copenhague, o serviço de assistência domiciliar, no qual uma pessoa é enviada para fazer tarefas domésticas para os mais velhos que moram sozinhos, foi ampliado. Agora há também um programa de reabilitação, justamente para o idoso recuperar aptidões e preservar sua independência funcional. Em Cingapura, o Spice (Singapore Programme for Integrated Care for the Elderly) trabalha com idosos em centros que funcionam das 7h às 19h. Ali, equipes multidisciplinares que reúnem médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais garantem de terapia ocupacional a lazer para os participantes, diminuindo idas a emergências e internações. Este é o novo olhar de que precisamos."