13/10/2025
Na mitologia grega, Procusto era um homem que vivia na beira da estrada e oferecia abrigo aos viajantes. Mas havia uma condição: todos deveriam caber perfeitamente em sua cama de ferro. Se o hóspede fosse maior, ele cortava o que sobrava, se fosse menor, esticava o corpo até o tamanho do leito. Ninguém saía ileso, porque ninguém era exatamente do tamanho da cama de Procusto.
Assim também fazemos, muitas vezes, com as pessoas. Tentamos encaixá-las nas nossas medidas, nas nossas fantasias, nas imagens que criamos delas. Queremos que falem, sintam e ajam do jeito que imaginamos. E quando não cabem, nos frustramos, como se o problema fosse delas, e não da nossa cama mental estreita.
As pessoas não têm que caber nas suas expectativas. Cada um é um universo próprio, com ritmos, desejos e limites diferentes. Quando tentamos moldar o outro às nossas idealizações, deixamos de vê-lo de verdade.
As expectativas que criamos falam mais sobre nós do que sobre quem as recebe. Respeitar a individualidade é aceitar que o outro não existe para viver o nosso roteiro.
Aline Brum
Psicóloga | CRP 05/56057