02/11/2025
O LUTO
Nos períodos em que atuei em hospitais, tive um contato mais próximo e diário com o luto
Perdas de pessoas
De autonomia
De trabalho
De sentido
De vida!
Na clínica também vejo recortes deste estado
O estar em luto
O viver o luto
Processar o luto!
A verdade é a mesma
Todo luto é tão parecido e tão diferente
Sentimos e elaboramos, cada um a sua maneira
O dia de hoje, é o exemplo disso: modos simbólicos de enfrentamento, sejam individuais e/ou sociais, buscando dar nome e sentido à algo, com a construção de um fechamento real e simbólico.
O que aprendi é que não existem regras, nem o certo e o errado
Que quando se trata de luto, o tempo não é o do relógio, é o do sujeito
Também aprendi a acolher e observar mais, e falar menos
Nada do que eu disser terá o poder de tirar esse momento de alguém (e nem deveria)
A respeitar o modo de cada um de sentir, e também do não sentir
De que o luto vai muito além do objeto da perda, mas de tudo aquilo que ela representa ou já representou
Os sonhos e planos envolvidos
Os medos e anseios tidos
E tudo que nisso está escondido
LUTO
Aquilo que vivenciamos a cada dia
Seja na perda da juventude
Do trabalho que tanto almejava
Ou do ente querido, que tanto amava
Seja qual for seu luto
Uma coisa aprendi: não dá para pular, é preciso atravessar
Mas é possível e necessário não atravessar sozinho
Com mãos que te acolhem, te abraçam, mas que não te carregam
A caminhada não deve ser solitária, mas sim, deve ser por si próprio
Das coisas do luto que mais aprendi
É que não é possível saber o suficiente
O luto é individual e para sempre um caso a parte
Não acredito em tudo saber
Sobre algo que na verdade ninguém sabe:
Para onde vai tudo e todos que perdemos?
E assim nos envolvemos, no estudo, sim, mas sobretudo no assumir o não saber, e, por fim, acolher
Psicóloga Gabriela Elias