23/03/2021
Algumas pessoas por uma simples postagem ou meras e ínfimas interações, declarações e aparições na mídia ou nas ditas redes sociais, já se tornam logo alvo daqueles que se adonam do direito de conhecê-las profundamente. Esses se dão ao delírio de traçar um diagnóstico ou um verdadeiro perfil sociológico e histórico de suas vidas, emitindo as mais absurdas teorias sem o mínimo embasamento. Talvez, em muito, motivados pela onda de que através dos recursos tecnológicos atuais, qualquer um possa ser senhor da verdade e da realidade alheias ou achar-se digno de empurrar a todos goela abaixo, seus próprios reflexos desorientados de sua triste e miserável vida interior.
Menos senhores, menos.
Que façamos a eles entender, que se não tiverem nada de bom para falar, então é melhor, mais sábio e prudente, que se calem, pois quanto mais Pedro nos fala de Paulo, mais sabemos de Pedro do que de Paulo.
Pessoas que estão a cuidar da vida alheia, pouco cuidam de si mesmas. Não costumam falar de suas próprias histórias, pois na verdade, suas vidas são tão vazias que pouco lhes interessa comentá-las.
Olhar para dentro de si é um ato de muita coragem; e nem todos seguem dispostos a se enxergar com franqueza.
Viver a falar mal de alguém é uma tentativa tola e inútil de se desviar o foco sobre os próprios tormentos. Ao tentar ofender, atingir e denegrir, desesperadamente o outro, escancara-se tudo que se é e não o que se quer imputar ao outro. Projetar nos outros aquilo que não lhes pertence é apenas refletir a nossa própria identidade, a qual muito nos incomoda; os lados obscuros que gostaríamos de mudar, e que talvez, sejam tão difíceis de serem aceitos por nós mesmos, que sequer conseguimos enxergá-los.
Verdadeiramente, aquilo que se odeia no outro é justamente o que repulsamos em nós mesmos.