11/04/2025
Ao falar sobre Parkinson, precisamos ir além do tremor. Embora seja o sintoma mais perceptível da condição e o principal estigma que a acompanha, essa associação invisibiliza manifestações não motoras, que podem ser igualmente (ou mais) incapacitantes.
Sintomas como fadiga intensa, dor crônica, constipação intestinal, hipotensão ortostática, distúrbios de fala, alterações cognitivas e transtornos emocionais são frequentemente subdiagnosticados na prática médica, retardando intervenções terapêuticas que poderiam melhorar a qualidade de vida e a autonomia dos pacientes. A progressão do Parkinson é heterogênea. Se não houver uma postura de escuta clínica qualificada, que olhe não apenas para os marcadores motores, mas também a perda de independência, o sofrimento psíquico e as dificuldades cotidianas dos indivíduos, dificilmente conseguiremos avançar para modelos de cuidado interdisciplinares e centrados no paciente.
Faço mais um alerta: em que pese os desafios clínicos e terapêuticos, há ainda desafios adicionais relacionados à produtividade, estigmatização e questões estruturais - desde preconceito no mercado de trabalho até a ausência de acessibilidade urbana básica. Sem derrubar essa barreiras, falhamos em garantir a plena inclusão social desses indivíduos.
A complexidade que envolve o Parkinson demanda um compromisso coletivo com a dignidade humana e precisamos, seja como profissionais da saúde, cidadãos ou gestores públicos, estar à altura dessa urgência para transformar realidades.