07/12/2025
Saímos de uma semana sob a Lua. E eu atravessei. Não ilesa. A Lua trouxe as sombras do inconsciente. E, quando escutei, vi. Vi o que me atravessava, vi o que me movia por trás, vi o medo antes que ele virasse gesto. Talvez seja isso que o tarot faça quando é vivido de verdade: transforma a vida em algo que se pode observar por dentro. E quando se observa, já não se reage da mesma forma. As tormentas continuam existindo, mas já não nos tomam por inteiro.
Agora, a carta da semana é a Morte. E curiosamente ela não me assusta. Traz alívio. Depois da Lua, a Morte soa como um suspiro fundo. Como algo que finalmente pode cessar. Algo foi visto, algo foi entendido — e aquilo que é visto com lucidez começa a perder o poder de nos governar. Não sei exatamente o que mudou. Mas sei que não estou no mesmo lugar de antes.
Estamos em dezembro. E dezembro tem esse ar de fronteira. Nada termina de repente, mas tudo começa a se despedir por dentro. Um ano inteiro vai ficando para trás enquanto ainda estamos vivendo. É um tempo estranho. Um tempo de fechar sem fazer barulho. De soltar sem precisar explicar. A Morte entende esse tempo como ninguém.
A Mandala de 2026 nasce desse mesmo lugar silencioso. Como um modo de escutar o tempo que vem. De perceber o que plantamos e o que colhemos. Um instrumento para quem aprendeu que viver é compreender.
A Morte apenas passa.
E quando passa, algo em nós já não precisa mais continuar.