30/08/2018
Trabalho e(m) Alma– Por Rhodys R. Sigrist
Aquilo em que dedicamos tempo trabalha em nossa alma. Tudo aquilo que nos atrai e nos “faz lutar” diariamente tem uma natureza obsessiva compulsiva. E para que fazemos isso? Só o tempo responde, não há outra alternativa. Se o tempo dizer que o trabalho desanimou a alma a ponto de fazê-la desistir, nada a segurará. E engana-se quem pensa que precisa achar uma motivação interna, fazer workshops de mindfullness ou olhar para o extrato bancário para achar uma forma de seguir em frente. A alma não entende essa linguagem estranha, cheia de barulhos e números. O verdadeiro trabalho dela, ela dirá.
E não é uma questão de errar para achar o caminho certo. Pode-se acertar de primeira ou errar por décadas, ou até mesmo trocar de caminho para ver se o que estava seguindo era tão forte assim. É uma questão de quanto tempo levamos para termos humildade suficiente para trabalhar naquilo que tanto queremos. E trabalho não é apenas algo relacionado à troca de serviços por recursos capitais: Tudo aquilo que cria, produz e faz ter vida é trabalho. Um hobbie levado à sério é um trabalho (e muito mais bem feito diga-se de passagem).
Seriedade é outra faceta do trabalho. Aquilo que é feito por lazer e sem dedicação é um divertimento. Pode se tornar trabalho um dia? Sim, havendo dedicação. Mas se divertir sem se dedicar não é demérito. Todo mundo precisa ser ruim em alguma coisa e rir dos próprios pés tropeçando. Imagina se todo mundo jogasse bola igual o Cristiano Ronaldo? Ser bom em tudo é enfadonho.
Voltando para a seriedade, é ela que determina o quanto a nossa dedicação irá nos transformar. Se levamos algo a sério, o foco é outro, aprendemos a filtrar o que presta e o que não presta, lidamos melhor com as falhas, nos tornamos mais pacientes com o processo, pois ele está em nós agora. E a paciência é o sinal de avanço no trabalho, de que ele está surtindo efeito. A alma não reside em lugares sem paciência; ela não tem paciência para isso.
Por isso volto no início da coluna dizendo que não adianta “fabricar” uma motivação sobre algo que não me dá a mínima vontade de estar ali, como se eu fosse o alien daquele planeta que acabei pousando sem querer.
E você, gosta daquilo que faz?