26/09/2025
Há momentos em que a vida nos arrasta além do que imaginávamos suportar. Seguimos firmes, acreditando que o bem maior está em doar, em servir, em estar disponíveis para todos — menos para nós. E, quando percebemos, já não sabemos mais onde deixamos nossa própria voz.
O corpo grita. A alma implora. Mas, cegos pelo ritmo apressado, viramos o rosto. E então, quando os limites são ultrapassados, sobra apenas o silêncio incômodo das perguntas: onde fiquei eu nessa história? Que preço escolhi pagar por não me ouvir?
Hoje, compreendo que a maior conquista não está em resistir, mas em ceder. Não em insistir na luta incessante, mas em ter coragem de parar. Em colocar a mão no peito e dizer: “eu também mereço cuidado”.
Não, isso não é egoísmo. É amor. Amor-próprio. É compaixão por aquele ser humano que existe por trás dos papéis, das expectativas, das máscaras de força. É olhar para dentro e finalmente enxergar a fragilidade como parte da nossa inteireza.
Porque ser forte não é ser imbatível. É ter a coragem de ser real. De aceitar que somos, sim, frágeis e humanos, e ainda assim, seguimos.
Se eu te peço — como médica, como amiga, como alguém que já conheceu a exaustão — que se abrace, que descanse, que cuide de si… por que eu faria diferente comigo?
A vida não nos exige invencibilidade. Ela nos pede presença. E presença só existe quando também nos acolhemos.
Por isso, hoje te convido: permita-se ouvir o seu corpo, respeitar suas pausas, validar suas dores. Permita-se ser humano, inteiro, imperfeito.
Porque, no fundo, é nesse gesto simples e profundo que reencontramos o que há de mais bonito em nós: a verdade de apenas ser.
Boa reflexão!