30/10/2025
O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), autarquia que orienta, fiscaliza e disciplina o exercício profissional da Psicologia no estado, vem a público manifestar seu profundo desagravo diante da operação promovida pelo Estado do Rio de Janeiro em 28 de outubro de 2025. A ação, iniciada no Complexo do Alemão e da Penha e expandida para diversas outras áreas da cidade e do estado, resultou em mais de 100 mortes contabilizadas até o momento, configurando-se como a chacina mais letal da história recente do Rio de Janeiro.
Tal evento mergulhou a população em uma sensação generalizada de medo e insegurança, com a interrupção de serviços essenciais como escolas, unidades de saúde e comércio, suspendendo direitos de populações inteiras. Como apontado em estudo produzido pelo Sistema Conselhos de Psicologia em 2018 (https://www.youtube.com/watch?v=BeaRTMRWjPE), no contexto da ocupação militarizada na Segurança Pública do Rio de Janeiro, as diferentes intervenções militarizadas na cidade aprofundam violências. Precisamos organizar outros modos de operar a segurança pública em nosso Estado, garantindo a segurança das pessoas, dos direitos humanos e uma atuação pautada em outros referenciais que não a guerra contra a população mais pobre.
Esta manifestação se fundamenta nas contribuições éticas e técnicas acumuladas pela Psicologia brasileira no debate sobre políticas públicas. O acúmulo técnico, teórico e político da profissão, consolidado nas Referências Técnicas do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), especialmente na discussão de segurança pública (https://crepop.cfp.org.br/tipo_de_publicacao/seguranca-publica/), que nos permite afirmar com grave preocupação que operações como a ocorrida reeditam lógicas ancoradas no racismo estrutural. Isso porque as lógicas que sustentam as chacinas no Rio de Janeiro se traduzem em ações de uso da força em operações-espetáculos, que suspendem direitos de populações, majoritariamente negras e moradoras de favelas e periferias, sob o discurso de uma suposta "guerra às dr**as".
(...) continua nos comentários.